Resumo

O estudo teve como objetivo analisar o grau de associação entre atitudes alimentares, insatisfação com a autoimagem corporal e percepção de competência no contexto competitivo de bailarinas participantes do 18º Passo de Arte/2010. A amostra selecionada de forma voluntária não probabilística avaliou 267 bailarinas (123 clássicas e 144 não-clássicas) entre 10 e 18 anos. Como instrumentos utilizaram-se: Questionário de Anamnese, Teste de Atitudes Alimentares, Questionário de Imagem Corporal, Escala de Autopercepção de Harter para Crianças, Escala de Autopercepção de Harter para Adolescentes e avaliação antropométrica. Para a análise dos dados utilizou-se Teste "t" de Student, Teste "U" de Mann-Whitney, orrelação de Spearman, Qui- Quadrado e Regressão de Poisson com variância robusta (P≤0,05). Os resultados revelaram que as bailarinas clássicas iniciaram mais cedo na modalidade, apresentaram peso, estatura e IMC menor e carga horária de treino semanal maior que as não-clássicas. Um número significativo de bailarinas em geral relatou maior sensação de fadiga, incidência de lesões e uso de medicamentos diversos, em compensação, grande parte mostrou satisfação com o treinamento, com o resultado das competições e disposição para estudar. A insatisfação com a imagem corporal e comportamentos alimentares de risco não diferiram entre os grupos de bailarinas e totalizaram 29,6% e 11,8%, respectivamente. A percepção de competência foi similar entre os grupos variando de moderada a alta conforme o domínio. A aparência física se correlacionou ao autoconceito das bailarinas clássicas, e a conduta comportamental ao autoconceito das não-clássicas; e o IMC demonstrou correlações fracas e negativas com a aparência física e conduta comportamental. A insatisfação com a imagem corporal esteve fortemente associada aos comportamentos alimentares de risco e ambas se associaram ao uso de medicamentos para emagrecer, a presença da menarca e a baixa percepção da aparência física e autoconceito. A insatisfação com a imagem corporal também se associou ao IMC, a presença de lesões, a insatisfação com os resultados das competições, não se sentir bem para estudar, dedicação à dança acima de 20 horas semanais e baixa percepção da conduta comportamental. Conclui-se que a maneira com que a dança vem sendo trabalhada com as crianças e adolescentes avaliadas neste estudo parece contribuir para a satisfação com que conduzem suas vidas além de utilizar do feedback dos adultos para avaliarem o próprio desempenho. No entanto, uma parte não está imune dos problemas que podem se desenvolver associados à rigorosidade desta prática, evidenciando que as causas para a adoção de comportamentos de riscos parecem estar relacionadas a múltiplos fatores, psicológicos, biológicos e inclusive socioculturais.

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