Resumo

O objetivo do presente estudo foi analisar os padrões de coordenação entre tenistas de diferentes categorias durante os deslocamentos medio-laterais e ântero-posteriores realizados ao longo dos rallies. Para isso foram registradas imagens de 14 jogos por meio de 2 câmeras digitais com frequência de aquisição de 30 Hz, sendo 5 jogos de uma competição de nível mundial juvenil, 4 jogos de nível profissional de um torneio ATP-Future e 5 jogos de nível profissional de um torneio ATP-250. As informações de posição dos jogadores foram obtidas através do sistema de rastreamento automático DVideo. Os padrões de coordenação interpessoal dos deslocamentos de 30 jogadores foram analisados através da técnica do vector coding. Os padrões de coordenação foram classificados em quatro categorias diferentes: (1) anti fase, (2) em fase, (3) fase do jogador que está sacando, e (4) fase do jogador que está devolvendo. Em um primeiro estudo, foram analisados os padrões de coordenação interpessoal dos jogadores dos deslocamentos realizados em ambas as direções. A técnica do vector coding permitiu identificar duas novas interações nunca antes reportadas (fase do sacador e a fase do devolvedor). A fase do sacador significa que o jogador que sacou lidera a série temporal de deslocamento, ou seja, está se deslocando primeiro, enquanto o devolvedor se desloca tardiamente ou permanece parado. Já a fase do devolvedor indica que o jogador que devolveu o saque está se deslocando, enquanto seu adversário se desloca tardiamente ou permanece parado. Os padrões de coordenação mais frequentes durante os deslocamento médio- laterais foram “anti fase” e “fase do devolvedor” e durante os deslocamentos ântero-posteriores foi a “fase do sacador”. Os jogadores juvenis apresentaram maior fase do sacador durante os deslocamentos médio-laterais. Por outro lado, os jogadores profissionais apresentaram maior fase do devolvedor. A análise espectral mostrou que jogadores profissionais (competição ATP-Future) se deslocam com maior frequência do que as outras duas categorias. Os padrões de coordenação e a dinâmica de movimentação dos jogadores não se alteraram do primeiro para o segundo set. No segundo estudo, especificamente, buscou-se analisar: (1) se jogadores de diferentes níveis de competição apresentam diferentes padrões de coordenação interpessoal quando iniciam a disputa do ponto com o primeiro e com o segundo saque; (2) se jogadores de diferentes níveis de competição apresentam diferentes padrões de coordenação quando o rally termina devido a uma ação indefensável ou um erro; (3) com qual frequência jogadores de diferentes categorias trocam de padrão de coordenação durante os rallies. Os resultados mostraram que não existe diferença nos padrões de coordenação para os rallies que se iniciaram com o primeiro e o segundo saque, independente da categoria. No entanto, foi verificado que, para todas as categorias, os jogadores apresentaram maior permanência no padrão “anti fase” quando o desfecho do rally foi um erro. Por fim, não foram verificadas diferenças na quantidade de trocas de padrão de coordenação durante os rallies das três categorias. Os dados analisados nos presentes estudos permitiram melhor compreender a forma como jogadores de tênis de diferentes categorias se deslocam em quadra e fornecem maiores subsídios para que técnicos consigam preparar seus jogadores de acordo com a demanda tática específica de cada categoria. Além disso, conhecer as exigências táticas das três principais categorias pode auxiliar técnicos e treinadores no processo de transição entre elas.

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