Integra


INTRODUÇÃO:

O jogo de handebol é caracterizado pela "busca de uma clara chance definição da jogada, através da criação de espaços ou de superioridade numérica" (GRECO, 1998). Para facilitar as ações que resultam em superioridade numérica e produção de espaços, contamos com um jogador denominado no handebol de pivô. Taticamente essa posição pode ser determinante para a escolha da trajetória do ataque e do local do arremesso. Outro fator é a localização do pivô entre a defesa adversária, tendo uma posição privilegiada para bloqueios e cortinas, facilitando as finalizações dos outros atacantes.Esta pesquisa teve como objetivo analisar a tática defensiva da Seleção Brasileira Adulta Feminina de Handebol no Campeonato Mundial Adulto de 2005 na marcação do pivô.

METODOLOGIA:

O método usado é qualitativo com a utilização de dados quantitativos. A coleta de dados foi realizada por meio da observação dos jogos gravados em fitas de vídeo, sendo que as observações foram anotadas em planilhas especificamente desenvolvidas para tal. As variáveis analisadas foram: Sistema defensivo (Seleção Brasileira); Sistema ofensivo adversário (1:5, com um pivô ou 2:4, com dois pivôs); Marcação do pivô (técnicas e táticas defensivas individuais e coletivas); Tática e recursos ofensivos do pivô adversário; Substituições de atletas durante a partida (pivô e defensoras).


RESULTADOS:

Na seleção brasileira feminina observou-se uma variação dos sistemas defensivos, desde sistemas zonais e fechados como 6:0 até situações de defesas mais abertas como 3:3 e individual. A seguir algumas características dos sistemas adotados pelas brasileiras que foram observadas durante a análise - Sistema 6:0 : Marcação avançada nas armadoras por parte das defensoras 2 (esquerda e direita), principalmente quando a pivô adversária encontra-se entre os defensores 3; freqüentes trocas defensivas quando ocorre deslocamento da pivô; duas defensores marcavam a pivô; essas permitiam que as atacantes realizassem cortina e bloqueio e duas defensoras marcavam uma atacante com bola. Os itens destacados foram citados por Simões (2002) como sendo alguns dos erros mais comuns nesse sistema defensivo. Sistema 5:1: Trocas defensivas na maioria das situações; defensora 3 avançada mantém a linha das armadoras (central/ direita e esquerda); a marcação da pivô era de responsabilidade da defensora 3 de primeira linha defensiva, em algumas situações da partida a responsabilidade da marcação da pivô era dividida com outras defensoras.As trocas defensivas ocorrem quando a pivô desloca-se para outra zona defensiva. Sistema 3:3 : A defensora 3 central (primeira linha defensiva) nesse sistema foi responsável pela marcação da pivô; as trocas defensivas foram realizadas sempre que necessário porém com pouca freqüência; quando ocorria infiltração de armadoras, as defensoras avançadas (segunda linha defensiva) acompanham essas jogadoras e as defensoras brasileiras retornavam próximo à primeira linha defensiva quando era realizado em direção ao espaço livre. Sistema Individual: Cada defensora é responsável por uma atacante. Nesse caso não existe posto específico fixo das adversárias no ataque


 CONCLUSÕES:

Apesar da literatura sobre o tema ser restrita no Brasil, apenas encontra-se publicado Simões (2002) que faz um profundo estudo conceitual e metodológico dos sistemas defensivos. Podemos com as experiências técnicas e os estudos bibliográficos realizado concluir que a marcação da pivô na seleção brasileira varia de acordo com o sistema adotado, mas é predominante o uso da maração pelas costas e pela lateral do pivô. Poucas são as situações de marcação da pivô pela frente. Para realizar a marcação frontal da pivô, é necessário uma grande agilidade das defensoras para o acompanhamento da pivô. Durante os jogos, notamos a realização pelas adversárias brasileiras de cortinas e bloqueios que seriam dificultados se a marcação adotada fosse a frontal. A marcação lateral que favorece as ações de bloqueio, no entanto, dificulta os deslocamentos da pivô na segunda linha ofensiva. Observamos que uma das atletas brasileiras (nº19) realizou sempre a marcação da pivô adversária pelas costas. Essa marcação favorece as ações de cortina e pantalla pra arremessos de primeira linha ofensiva, porém nesse caso essas ações não foram tão favorecidas devido a estatura dessa atleta ser acima da média das atletas adversárias. As defensoras com estatura acima da média dificultam os arremessos por cima da defesa com o auxílio das cortinas e pantallas, dessa forma não favorecem tanto as adversárias nessas ações táticas com a marcação da pivô pelas costas. Quase sempre a marcação da pivô é realizada de forma coletiva nos sistemas defensivos zonais, exceto no sistema 3:3 na qual a marcação é na maioria das vezes de forma individual. A marcação coletiva da pivô dificulta as ações dessa jogadora, embora a marcação realizada com duas defensoras pelas brasileiras seja considerada por Simões (2002) uma falha defensiva.