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INTRODUÇÃO:

Partindo do princípio de que o mundo do circo encanta a todos, nos encantamos também com essa cultura que vem despertando interesse em várias áreas do conhecimento. O que chama atenção é que as artes circenses mesmo com estudos e trabalhos apresentados, além do seu próprio reconhecimento lúdico, ainda não garantiu seu espaço nos programas escolares em áreas como as Artes Cênicas ou na Educação Física. O estudo se propõe em analisar as respostas de uma sessão recuperativa no treinamento de ginástica olímpica através das técnicas circenses num grupo de crianças e adolescentes do sexo feminino. Para poder disponibilizar seus benefícios, desenvolvimento corporal e habilidades físicas, trabalhadas em sua evolução através da ginástica, integrando-se como mais um recurso técnico-pedagógico a ser utilizado nos períodos que antecedem as competições de Ginástica Olímpica. Para tanto, se contou com uma amostra de 20 ginastas de 8 a 14 anos de idade do Clube de Ginástica Olímpica Estrelinha Mágica (PE) do nível intermediário e avançado de treinamento. A análise das respostas do trabalho realizado refere-se as contribuições de caráter motivacional, lúdico e de desenvolvimento da cognição, verificada através de um questionário com 10 questões abertas e fechadas. Por fim, foi observado que o aspecto motivacional durante os dois módulos do trabalho realizado, apresentou respostas esperadas com a participação efetiva do grupo, demonstrando total interesse na realização das atividades.

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada no estudo tem como base, a superação de desafios corporais num processo de ação-reflexão-ação. Consiste também, na análise dos depoimentos e questionários aplicados os quais buscamos subsídios em nossa pesquisa para possíveis contribuições numa sessão recuperativa de treinamento, em um processo didático que contemplou quatro momentos articulados. 1) Levantamento bibliográfico; 2) Definição da amostra e equipe de trabalho (20 ginastas de 8 a 14 anos de idade do Clube de Ginástica Olímpica (PE) no nível intermediário e avançado de treinamento (3 x 2 hs), além de três monitores do Grupo Circense Arricirco, a técnica da equipe e a pesquisadora); 3) Definição do cronograma de trabalho distribuído em duas oficinas, uma no mês de Abril e a outra em Maio/ 2004; 4) Realização das oficinas circenses que se desenvolveram da seguinte forma: a) Aquecimento, b) Diagnóstico dos conhecimentos prévios das habilidades circenses com e sem material: cama elástica, trampolim, barra, perna-de-pau e bolas; c) Aprendizagem das técnicas circenses, processo criativo do grupo e apresentações. Foram trabalhadas as capacidades físicas de: Força com exercícios de saltos na cama elástica, no trampolim e combinações de formas corporais; Coordenação Motora através dos malabares; Domínio Espacial, Acuidade Visual, Agilidade, Velocidade de Reação e Equilíbrio na barra e na perna-de-pau, d) No final, foi aplicado o questionário como instrumento de pesquisa e análises das reflexões.

RESULTADOS:

Os resultados obtidos revelaram indícios de grande motivação das atletas ao participarem dessa sessão recuperativa de treino lúdico. Verificou-se em 85% das atletas entrevistadas, que o grau de dificuldades encontradas durante as sessões, não interferiu na continuidade do trabalho, apontando como a maior delas, o não conhecimento das técnicas circenses nos malabares e no trabalho com a perna-de-pau. Das entrevistadas 75% identificaram a relação da Ginástica Olímpica com as habilidades circenses, no que se refere ao desenvolvimento das capacidades coordenativas desenvolvidas, e valores sociais desempenhados através das ações conjuntas. Os dados revelam que o interesse maior das atletas na realização do trabalho centrou-se em enfrentar os desafios propostos, nas habilidades motoras desenvolvidas e na socialização do grupo. A prática aponta em 90% para uma aprovação dessa sessão recuperativa de treino nos períodos de pós temporada ou que antecedem as competições de ginástica olímpica como forma de descontração após cargas pesadas de treinamento. O contato com o grupo do circo foi em 100% proveitoso uma vez que aponta a importância de novos conhecimentos apreendidos, a descoberta de mais um talento desconhecido, além do prazer em realizar as atividades. O aspecto motivacional durante as oficinas apresentou o resultado esperado com a participação efetiva das atletas, demonstrando total interesse na realização e continuidade das atividades.

CONCLUSÕES:

Entendemos que o trabalho realizado com as atletas do Clube de Ginástica Olímpica no Recife caminha rumo a um treinamento que visa uma preparação física voltada não apenas para o aprimoramento da performance, mais também a estruturação de valores esportivos de cooperação, disciplina, participação e respeito incluídos nesse processo educacional com crianças e adolescentes. "Uma das grandes críticas feitas ao esporte trata da homogeneização de sua prática pelo treinamento, no qual a exigência pela perfeição do gesto técnico e o rigor tático imposto parecem reprimir o poder criativo de seus praticantes, ignorando as potencialidades e as limitações individuais, oferecendo uma única possibilidade de resposta correta". (Korsakas, 2002 Apud Dante de Rose Jr. 2002). Desta forma, os aspectos emocionais e físicos foram aqui considerados para uma efetiva preparação física. Observou-se que apesar do não conhecimento das técnicas circenses, as atletas apresentaram um bom desempenho durante as atividades, o que confirma a proximidade do caráter motor.

Mas, com relação à otimização das capacidades coordenativas faz-se necessário um trabalho mais aprofundado de experimentação com grupos controle e avaliações com testes na área da psicomotricidade. Pela repercussão alcançada durante as oficinas circenses, as atletas e o restante da equipe se manifestaram por uma avaliação altamente positiva, conforme a análise dos questionários e depoimentos obtidos, objetivando a continuidade do trabalho.