Resumo

A presente proposta discute a relação entre a importância da crônica esportiva e a discussão entre a criatividade literária/jornalista e a realidade social que a mídia tenta retratar. Nosso recorte cronológico é a década de 1950 e as nossas fontes serão as crônicas esportivas publicadas no veículo de comunicação carioca Jornal dos Sports, que tentava a todo custo criar uma imagem de periódico nacional, principalmente em momentos de celebração eventual como a participação brasileira em Copas do Mundo da FIFA. A ideia de uma temporalidade reconstruída também é interessante para pensarmos sobre os poderes desta narrativa criativa : o tempo do que é narrado é plenamente alterado de acordo como vários fatores. Em uma crônica, por exemplo, dependerá de quando vai ser lida, de que tempo trata o texto, quais memórias estão sendo revividas e comparadas com um tema atual. Além disto, temos o tempo inventado, um subterfúgio muito comum entre os cronistas esportivos. Desta forma, se acreditamos que a crônica é de fato uma narrativa criativa, explica-se, para tanto, dentre outros motivos, pelas possibilidades do uso e abuso da noção de temporalidade.
Se a própria noção de tempo é subjetivada pelas intencionalidades do autor, podemos, de alguma forma, entender que a crônica é um espaço de possibilidades de narrativas biográficas do campo literário, dialogando no limite entre a realidade e a ficção, entre a escrita jornalística e a lúdica.
Esta relação entre autor, obra e público, possibilita, em nossa opinião, uma re(interpretação) das próprias subjetividades destes protagonistas, pois a interação, o diálogo e a recepção das informações são dinâmicas e constantes.Enfim, procuraremos compreender cada vez mais o imaginário subjetivo dos cronistas de acordo com uma tentativa de se valorizar as identidades nacionais, coletivas, emotivas e esportivas a partir da análise destas ricas fontes de História e histórias.

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