Resumo

A presente pesquisa de abordagem qualitativa tem como objetivo geral descrever e discutir as representações sociais de atividade física de mulheres que freqüentam academias de ginástica em um bairro da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Esta investigação teve início a partir do surgimento das academias de ginástica exclusivas para mulheres e da ampla divulgação do discurso médico-científico, constituinte de um movimento em prol da atividade física como meio de aprimoramento da saúde e da beleza feminina, o qual vem legitimando ao longo das últimas décadas as academias de ginástica como instituições potenciais para a realização do exercício físico de forma orientada e eficiente. Pretendemos especificamente (a) Abordar aspectos históricos da organização e sistematização das atividades físicas/ginástica, corpo e academias de ginástica; (b) Discutir transformações sociais em relação às condições femininas de participação nas atividades corporais, com foco nas academias de ginástica; (c) Descrever e confrontar as representações sociais de atividade física de dois grupos de mulheres que freqüentam as academias de ginástica convencional e feminina; e (d) Discutir o impacto das representações sociais de atividade física dos grupos estudados na sua movimentação no campo das práticas corporais. Para dar conta dos objetivos desta investigação elegemos a Teoria das Representações Sociais (TRS) formulada por Serge Moscovici (2007) e aprofundada por Denise Jodelet (2002), se constituindo como referencial teórico-metodológico apropriado à apreensão dos significados da atividade física das mulheres freqüentadoras das academias de ginástica em questão. Selecionamos quatro mulheres de uma academia de ginástica convencional (AGC) e quatro mulheres de uma academia de ginástica feminina (AGF) para participarem de entrevistas abertas em profundidade. A análise das entrevistas seguiu os princípios da Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin (2008). Concluímos que o boom das academias de ginástica na década de 1970/80 movimentou a indústria do fitness, inseriu homens e mulheres nas mesmas práticas, modificando também a relação com a atividade física. Neste estudo nos deparamos com dois grupos de mulheres, com marcadores distintos muito bem definidos, com a mesma representação social de atividade física. Contudo, entre as mulheres da AGF a representação da atividade física se apresenta orientada pelo discurso que associa a prática regular de atividade física à promoção da saúde. Em contrapartida, o grupo de mulheres da AGC mostrou convergência entre a necessidade de atividade física e o gosto, incorporado e socializado desde a juventude

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