Resumo

O interesse sobre as implicações à saúde decorrentes do comportamento sedentário tem aumentado. Evidências demonstram uma influência prejudicial; em contrapartida, muitos estudos não têm encontrado qualquer associação do comportamento sedentário com a saúde. Ao mesmo tempo, pouco se sabe sobre os grupos populacionais mais envolvidos nesse tipo de comportamento, assim como sobre a prática de atividades físicas no lazer e a participação das pessoas em programas de ginástica laboral. Na população brasileira, essas informações são ainda mais escassas. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento sedentário (utilizar o transporte motorizado para o trabalho, passar a maior parte do tempo no trabalho sentado e assistir à televisão por duas horas ou mais durante os dias da semana) e a sua associação com: aspectos sociodemográficos, morbidades referidas, prática de atividades físicas no lazer e participação em programas de ginástica laboral, em adultos trabalhadores no Brasil. Para isso, foi realizada uma análise secundária dos dados coletados por meio de questionário no inquérito "Estilo de Vida e Hábitos de Lazer de Trabalhadores da Indústria", com amostra representativa de 24 unidades federativas do Brasil, totalizando 47.477 trabalhadores. A estatística analítica foi realizada por meio de regressão logística binária e multinomial, brutas e ajustadas, com nível de significância de 5%. O comportamento sedentário esteve presente em 25,4% dos trabalhadores, sendo mais prevalente nas mulheres. A prevalência tendeu a aumentar com o incremento da idade, do nível de escolarização e da renda familiar bruta, em ambos os sexos. O comportamento sedentário esteve associado ao relato de hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes mellitus tipo 2 e ao excesso de peso somente entre os homens, e à presença simultânea de duas ou mais morbidades em ambos os sexos, independentemente de aspectos sociodemográficos, do estilo de vida e da prática de atividades físicas no lazer. Homens com comportamento sedentário também tiveram maior chance de não praticarem atividades físicas no lazer e de não participarem de programas de ginástica laboral. Esses resultados podem incentivar novas pesquisas sobre o tema no país, para que, em conjunto, fundamentem propostas de redução do comportamento sedentário e de promoção da atividade física mais efetivas.

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