Resumo

O assédio tem sido assunto de grande relevância na contemporaneidade, despertando reflexões às mais diversas no mundo científico, acadêmico e social. O trabalho objetivou investigar como as mulheres praticantes de musculação percebem o assédio sexual nas academias de Iguatu-CE. Caracterizou-se como uma pesquisa de natureza qualitativa, de campo e descritiva. Participaram do estudo vinte e cinco mulheres praticantes de musculação das academias de Iguatu-CE. Foram aplicados dois instrumentos: o questionário estruturado com questões abertas e fechadas, objetivando caracterizar o perfil sociodemográfico buscando informações relacionadas aos aspectos econômicos e sociais das participantes do estudo, a frequência das atividades na academia e os motivos pela busca da prática da musculação; e a entrevista semiestruturada com roteiro de perguntas subjetivas elaboradas pela pesquisadora, visando obter informações das narradoras do estudo sobre a percepção de assédio sexual e o impacto dessa experiência na sua vida e na prática regular de atividades físicas. A caracterização das participantes foi apresentada de forma descritiva e as narrativas transcritas e analisadas por meio do método de análise de conteúdo e expostas através de diagramas, revelando-se uma série de categorias e subcategorias. A pesquisa apresenta-se em forma de dois artigos: no primeiro, analisa-se as narrativas de mulheres praticantes de musculação sobre assédio sexual; e, no segundo, caracteriza-se o impacto das experiências de assédio sexual com relação ao cotidiano e a prática regular de atividades físicas das mulheres praticantes de musculação. Conclui-se que as mulheres percebem o assédio sexual como um ato que viola a liberdade sexual, invade a privacidade sem o consentimento da outra parte, acompanhado de segundas intenções, causando constrangimentos na pessoa assediada. O assédio sexual está relacionado a desígnio sexual caracterizado por meio de comentários maldosos, gestos obscenos, piadas, toques, elogios inconvenientes relacionados às partes do corpo. Quanto aos impactos do assédio sexual esses influenciaram negativamente na vida e na prática regular de atividades físicas de mulheres praticantes de musculação nos aspectos morais e psicológicos. Visto que, os impactos morais se referem aos constrangimentos sofridos, afastamento da prática da musculação por se sentirem vulneráveis diante da circunstância vivenciada, se resguardando como forma de proteger-se dos episódios de assédio. Os impactos psicológicos correspondem à desmotivação em frequentar o espaço da academia; desconforto e incômodo enfrentado com o fenômeno; medo de retornar às atividades por receio de sofrer novamente a experiência; pânico em realizar os exercícios sob o olhar dos homens; e a busca por ajuda psicológica para superar os traumas.

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