Resumo

Evidências sugerem que a obesidade é associada negativamente com o desempenho escolar, por outro lado, acredita-se que a aptidão física interfira positivamente no desempenho escolar. O objetivo do presente estudo foi analisar a interação entre estado nutricional, aptidão física e desempenho escolar em estudantes do ensino fundamental II. 392 estudantes do 6º e 7º anos de ambos os gêneros, com idade entre 10 a 13 anos participaram do estudo. A classificação do estado nutricional baseou-se nos critérios propostos pelo Center for Diseases Control and Prevention (CDC). Para a avaliação da aptidão física foi utilizado à bateria de testes físicos FITNESSGRAM. Por fim, os alunos foram submetidos a uma avaliação escrita com questões de português e matemática. Para cada disciplina foi atribuído uma pontuação de 0 a 10 pontos, adicionalmente, foi calculada a média geral dividindo-se as médias das duas disciplinas. Correlações entre os componentes da aptidão física relacionada e o estado nutricional foram verificadas através da correlação de Pearson. A interação entre o desempenho escolar, a aptidão cardiorrespiratória e estado nutricional foi determinada através da análise de variância para medidas repetidas (ANOVA one-way) com post-hoc de Tukey. Os resultados demonstraram que a aptidão cardiorrespiratória foi o único componente associado com o desempenho escolar. Meninas com peso normal, porém, com baixo VO2máx, apresentam desempenho em matemática (2,69±1,60) pior do que as meninas com peso normal  e com VO2máx médio (4,00±2,19) (p=0,03). Adicionalmente as meninas com peso normal e com alto VO2máx obtiveram melhor média geral (4,53±1,71) quando comparadas as meninas com peso normal e com baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,05). Meninas com sobrepeso e com o VO2máx na média apresentaram maior desempenho na média geral (4,74±1,56) do que as meninas com peso normal, mas, com baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,03). Não foram verificadas associações entre o desempenho escolar, aptidão física e estado nutricional nos meninos. Conclui-se que independente do estado nutricional, a aptidão cardiorrespiratória está associada com melhor desempenho escolar nas meninas. Atenuando, desta forma, os efeitos deletérios da obesidade sobre a aprendizagem.   
 

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