Resumo

Introdução: Devido à sua alta prevalência, diversos estudos têm como foco indivíduos com disfunção temporomandibular (DTM). No entanto, pouco se sabe sobre os ciclos mastigatórios, uma vez que há ausência de estudos que tenham avaliado o ciclo mastigatório (contração-relaxamento) e a ativação dos músculos suprahiódeos e, portanto, a relação agonista e antagonista. Objetivo: Avaliar e comparar a atividade eletromiográfica dos músculos mastigatórios, durante os ciclos mastigatórios, em mulheres com e sem a disfunção temporomandibular. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal, composto por 86 mulheres alocadas no Grupo DTM miogênica (n=43; média de idade= 28,72±8,04 anos) e Grupo Controle (n=43; média de idade= 22,69±6,94 anos) diagnosticadas por meio do Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (DC/TMD). Para a coleta dos dados foi avaliado o ciclo mastigatório por meio de Eletromiografia de superfície (EMGs) utilizando a a média dos seis cilcos de Root Mean Square (RMS) na fase de mordida e abertura da boca, durante função mastigatória não habitual por 20 segundos, para os músculos temporal anterior e masseter bilateral e suprahióideos. Para a análise dos dados foram selecionados e cortados apenas os seis ciclos centrais (mordida e abertura da boca). Para a análise estatística foram realizados os testes de Shapiro-Wilk e o teste de Levene, os quais avaliaram a normalidade e homogeneidade das variâncias, respectivamente, para a análise de variância foi utilizado o teste ANOVA modelo misto intra sujeitos (efeito principal músculo e lado) e inter sujeitos (efeito principal grupo) e interações (Grupo x Músculo; Grupo x Lado; Grupo x Músculo x Lado), quando houve diferença significativa nas interações foi usado a correção de Bonferroni, na comparação entre os grupos para os músculos suprahióideos foi realizado o teste t de Student. Considerou-se como valor de significância p<0,05. Resultados: Foi observado durante a fase de mordida maior ativação do músculo temporal anterior (p=0,03), para ambos os grupos e bilateralmente, e do grupo DTM (p=0,02), quando comparado ao controle. Durante a abertura da boca houve maior ativação dos músculos suprahióideos (p=0,03) para o grupo DTM, quando comparado com o controle. Na análise de co-contração foi observado maior co-contração para ambos os grupos durante a fase de mordida para o músculo temporal anterior (p=0,000), quando comparado com o masseter e para o lado esquerdo (p=0,003) quando comparado com o lado direito, e maior co-contração do grupo DTM (p=0,01). Conclusão: Conclui-se que as voluntárias com DTM apresentaram maior ativação muscular da atividade eletromiográfica, durante a fase de mordida para os músculos agonistas (masseter e temporal anterior bilateral) e a fase de abertura da boca para os músculos suprahióideos, quando comparadas com voluntárias assintomáticas. O presente estudo também encontrou alterações na ativação agonista-antagonista, uma vez que houve diferença significativa na avaliação da co-contração, durante a fase de mordida, sendo assim foi observado maior ativação dos suprahióideos em relação à ativação do temporal anterior (ambos os grupos), do lado esquerdo (ambos os grupos) e do grupo DTM, resultando em maior co-contração para tais variáveis.

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