Resumo

Este estudo objetivou analisar a atividade física no lazer (AFL) e a percepção de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) em exatletas de Atletismo, medalhistas dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) de 1960 a 2006. Neste período, dos 1017 atletas que conquistaram medalhas, 362 foram elegíveis ao considerar os critérios de inclusão. Da população elegível (N=362), 51,4% responderam efetivamente a pesquisa e representaram a amostra final do presente estudo (n=186). Informações sobre a AFL foram obtidas por meio do domínio do lazer do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), versão longa. Para informações da QVRS foi utilizada a versão brasileira do Short-Form Health Survey (SF-36). Variáveis sociodemográficas, condições de saúde e o tempo do término da carreira esportiva foram avaliados por questionário padronizado. Modelos de regressão linear multivariados foram utilizados para verificar os potenciais fatores associados à QVRS, considerando os domínios da Saúde Física e Mental do SF-36. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05. A amostra apresentou uma média de idade de 50,5 anos (DP=6,54). Dois terços da amostra eram do sexo masculino, 60,2% pararam de competir há mais de 15 anos e 19,4% dos ex-atletas reportaram que lesões adquiridas durante a vida esportiva atrapalhavam no cotidiano. Os ex-atletas apresentaram um tempo médio de 504,4 (±539,1) minutos/semana de AF total (72 min/dia). Entretanto, 24,7% dos ex-atletas eram inativos no lazer. Não foram observadas diferenças significativas entre os sexos e faixas etárias para a AFL (p < 0,05). A percepção de saúde não alterou em relação ao ano anterior para 72,6% dos ex-atletas. A ordem hierárquica decrescente dos escores (escala de 0 a 100) dos componentes da QVRS, considerando a mediana, foi: limitações por aspectos físicos e limitações por aspectos emocionais (100,0); capacidade funcional (95,0); aspectos sociais (87,5); dor e saúde mental (84,0); estado geral da saúde (82,0) e vitalidade (75,0). Não houve diferenças significativas nos escores de Saúde Mental e Física entre os sexos e faixas etárias. Os modelos de regressão linear ajustados mostraram uma associação significativa entre saúde física e lesões esportivas que atrapalham no cotidiano (β=-0,430), IMC (β=- 0,226), uso de medicamentos prescritos (β=-0,177), problemas crônicos (β=-0,138) e ocupação (β=0,095). Os escores de Saúde Mental estiveram associados com as variáveis: IMC (β=-0,238), renda (β=0,224), problemas crônicos (β=-0,144) e lesões esportivas que atrapalham no cotidiano (β=-0,133). De maneira geral, os ex-atletas de Atletismo apresentaram uma boa percepção de QVRS. Contudo, uma parcela preocupante de ex-atletas encontrava-se inativa no lazer. A prevenção de lesões esportivas e o controle do peso corporal (atual) são imprescindíveis para favorecer níveis elevados de QVRS após a carreira esportiva competitiva.

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