Resumo

A relação entre Saúde Coletiva e Atividade Física (AF) foi abordada considerando, entre outros aspectos, a realidade do padrão epidemiológico de transição. Questões mais específicas e pertinentes, como o consumo calórico para determinação da AF; as doenças infecto-contagiosas e a vida ativa e, a hanseníase e as lesões sensitivo-motoras também foram tratadas na introdução. Aplicadamente, procedeu -se a estudo transversal junto ao Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru, com o objetivo de identificar e descrever a distribuição e freqüência da presença, grau e localização corporal de agravos sensitivo-motores de portadores de hanseníase segundo níveis de AF, bem como analisar e caraterizar o comportamento de variáveis associadas às incapacidades decorrentes da moléstia. Utilizando-se da estimativa de consumo calórico diário realizado em AF de natureza ocupacional, foram constituídos dois grupos: um de ativos e outro de sedentários. Informações sobre incápacidades físicas adquiridas no, curso da moléstia foram obtidas nos prontuários clínicos (com internações) da referida instituição. As comparações entre os níveis de AF por graus, número de lesões sensitivo-motoras e agravos específicos foram apresentadas a partir do uso da estatística qui-quadrado e do teste de Goodman; o controle de confundimento pelas variáveis forma clínica, diferença das idades e número de internações foi efetuado coma aplicação de modelo logístico.Os resultados apontaram os agravos de graus um e dois, ocorrendo com freqüências superiores em ativos. No entanto, estes achados também sofreram influência de outras variáveis, tais como o número de internações e a diferença das idades. As incapacidades que comprometem trabalhos manuais e, as mais graves, tiveram maior número de internações. Para as diferentes formas clínicas, não se constatou associação com a ocorrência de lesões, exceto para a presença de pé caíd'o. Quanto às neurites, o nível de atividade física foi a única variável onde se observou diferença significativa, com os sedentários sendo mais acometidos que os ativos. Neste caso, ser inativo implicou em risco aumentado de ser portador deste agravo e, especificamente para efeito de discussão, foi um dos principais aspectos abordados. A partir destes resultados e, ampliando o assunto para questões mais gerais, procedeu -se a abordagem da relação entre atividade física e o padrão epidemiológico de transição, porém, neste caso, apontando para a necessidade de construção de referencial teórico-metodológico coerente com a realidade com a qual convivemos.

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