Resumo

Este estudo situa-se na linha de pesquisa denominada Transformações Sócio-culturais em Educação Física, Esporte e Lazer, desenvolvida no Mestrado em Educação Física da Universidade Gama Filho. Teve por objetivo principal conhecer como a mulher da elite carioca foi corporalmente representada na prática de atividades físico-desportivas na virada do século XIX para o século XX. A pesquisa centrou-se na análise do discurso de 10 mulheres, cujas idades oscilam entre 70 e 90 anos. Para a coleta de dados, optou-se pela realização de uma pesquisa em jornais e periódicos específicos sobre esportes do período, como também entrevistas semi-estruturadas. A análise foi realizada numa perspectiva histórico-social, utilizando os referenciais de Elias, Prost, Needel, Crespo, Vigarello, Lovisolo, Sevcenko e Del Priori. Estes autores descreveram as transformações ocorridas pela separação entre a vida pública e privada, e a construção da intimidade ou privacidade, principalmente naquilo que se refere aos aspectos da modernidade feminina na Europa. Retomamos essa temática para o Brasil, seguindo os trabalhos de Rui Barbosa, Azevedo, Souza, Soares e Carvalho, que apresentam uma análise da Educação Física segundo o pensamento médico-higienista: saúde, higiene e eugenia. Os resultados obtidos permitiram concluir que as representações surgidas nos discursos das informantes relacionavam-se à prática de atividades corporais pelo lazer, recreação, status e pela moda. A estética e a cosmética orientaram as condutas femininas para uma padronização corporal em termos de beleza, esportividade e limpeza. A adesão das mulheres às atividades esportivas acontece quando elas passam a freqüentar os clubes, praticando esportes eletivos, como o tênis, a esgrima, o turfe e o vôlei. Mesmo com a representação de mulher frágil, voltada para os cuidados dos filhos, a mulher de elite participa de determinadas atividades corporais e esportes considerados masculinizantes e impróprios ao corpo feminino na época.

Acessar