Resumo

O Parkinson (PK) é uma doença neurodegenerativa progressiva que causa danos aos neurônios dopaminérgicos da substância negra pars compacta (SNpc) através do acúmulo de alfa-sinucleína neuronal (αSYN) gerando sintomas motores e não motores. O número de pessoas com PK está crescendo à medida que a idade e a expectativa de vida da população mundial aumentam. Evidências clínicas têm demostrado os benefícios gerados pelo treinamento resistido em pacientes com PK, contudo, o número de evidências ainda é reduzido e estudos investigando os efeitos do treinamento de força com restrição de fluxo em modelos experimentais nestas condições são escassos. Objetivo: Avaliar os efeitos do treinamento de força com restrição de fluxo sanguíneo no membro inferior, em modelo experimental de PK na capacidade funcional física. Metodologia: Ratos Wistar foram divididos em 4 grupos: Controle (GC: n=8); Parkinson Sedentário (GPS: n=9); Controle Treinado (GCT: n=8); e Parkinson Treinado (GPT: n=9). O modelo de PK foi induzido por 6-OHDA no início do protocolo (6 μg/μl estereotaxia/cérebro). O treinamento de força foi realizado em escada vertical com pesos na cauda (40-60%; 1v/d-5d/sem-8sem), a restrição de fluxo foi realizada com insuflação de 80 mmHg (22% músculo plantar e 54% sóleo). Foi avaliado o teste de carga máxima em escada vertical (TCM inicial, intermediário e final) e teste de velocidade máxima em esteira rolante (TVM inicial e final) no protocolo de treinamento (CEUA 076/22). Os resultados foram analisados pelo programa Statistica®. Foi realizado o teste de normalidade Shapiro Wilk. Para análise dos dados foi utilizado o teste da análise de variância (ANOVA), seguido pelo teste de Student Newman Keuls. O nível de significância adotado foi de p< 0,05. Resultados: No TCM final (GC: 900±219; GPS: 1060±150; GCT: 1551±254; GPT: 1542±200 g) todos os grupos aumentaram a carga em comparação ao teste inicial (GC: 439±43; GPS: 504±101; GCT: 522±90; GPT: 523±54 g) e intermediário (GC: 699±87; GPS: 714±132; GCT: 905±136; GPT: 987±146 g). No final do protocolo, houve aumento da carga nos grupos treinados (GCT: 1551±254; GPT: 1542±200 g) em relação aos grupos sedentários (GC: 900±219; GPS: 1060±150 g). O TCM corrigido pelo peso corporal dos animais (carga máxima obtida na última subida/peso corporal) x 100, apresentou na 4ª semana (GCT: 231±40; GPT: 258±48 g) e no final do protocolo (GCT: 390±45; GPT: 395±53 g) aumento da carga de esforço nos grupos treinados em relação aos grupos controles nos mesmos períodos respectivamente (GC:178±25 / 215±60; GPS: 169±27 / 239±37 g). No TVM inicial (GC: 12,3±2,1; GPS: 12,9±0,4; GCT: 13,5±1,7; GPT: 12,1±1,0 min) e final (GC: 13,1±2,1; GPS: 11,7±0,9; GCT: 14,5±0,5; GPT: 13,1±1,1 min) os animais não apresentaram diferença em relação ao tempo de corrida na esteira. Conclusão: Os resultados demostram que o treinamento de força com restrição do fluxo sanguíneo foi eficaz no aumento da força muscular, sugerindo aumento da capacidade funcional e tais achados podem sugerir que esse método de treinamento pode melhorar a qualidade de vida e atividades de vida diária em pessoas com PK.