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INTRODUÇÃO:

O crescimento alarmante da prevalência da obesidade, nas últimas décadas, caracterizaram-na como uma doença crônica e epidêmica.

Esta que anteriormente predominava em adultos (DENADAI et al., 1998), vem também atingindo crianças e adolescentes em grandes proporções. Essa enfermidade, fortemente associada às doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemias, também está relacionada diretamente com os problemas psíquicos e comportamentais, interferindo nos conceitos de auto-imagem, auto-conceito e auto-estima, comportamentos esses que influenciam na forma como a adolescente percebe seu corpo no ambiente e como isso interfere na sua vida social (HUANG et al, 2007; SHIN et al, 2007). Em um estudo realizado por Ferriani et al (2005) os autores relatam que o adolescente obeso revela insatisfação com seu corpo, diante do estigma social, por estar incluído em uma sociedade que dita como regra o corpo magro, despertando assim sentimentos de angústia, vergonha e rejeição ao seu próprio corpo. Diante desses processos relacionados à obesidade na adolescência, o presente estudo teve como objetivo verificar a percepção de adolescentes obesos em relação aos conceitos de auto-imagem, auto-conceito e auto-estima.


METODOLOGIA:

O estudo caracteriza-se como um estudo transversal descritivo. A população de estudo foi constituída por todos os 72 adolescentes obesos que procuraram o Programa de Tratamento Multiprofissional da Obesidade (PMTO) e responderam o questionário de Auto Descrição Física (Physical Self-Description Questionnaire - PSDQ). A avaliação da auto-percepção foi obtida por meio do questionário PSDQ, o qual contempla 11 escalas. No entanto, para a realização deste estudo utilizou-se apenas 3 escalas que envolvem os aspectos relacionados a aparência (AP), auto-conceito físico (ACF) e a auto-estima (AE). Os resultados do PSDQ podem ser classificados em quatro conceitos (ótimo, bom, regular e ruim). O tratamento estatístico foi realizado com auxilio do pacote SPSS versão 14.0. A estatística descritiva empregada envolveu as medidas de tendência central, dispersão, assim como a freqüência, utilizada para descrever os resultados do questionário. A correlação entre as escalas do instrumento foi obtida pelo coeficiente de correlação de Pearson. Os procedimentos empregados nesta pesquisa foram aprovados pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da UEM e seguiram a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.


 RESULTADOS:

Entre os 72 adolescentes obesos e com sobrepeso participantes nesta pesquisa a média de idade foi de 13,25 (±1,62) anos, sendo 40,30% do sexo masculino e 59,70% do sexo feminino. Em 15,3% dos adolescentes a escala de auto-imagem foi classificada como ótima, enquanto 48,6% a classificaram como boa 29,2% como regular e apenas 6,9% como ruim. .Em relação à classificação de auto-conceito 1,1% indicou-a como ótima, 29,2% como boa, 48,6% como regular e 20,8% como ruim. Já na escala de auto-estima, as respostas dos participantes se enquadraram como ótimas em 31,9%, como boa em 58,3% e como regular em 9,7%. A verificação de correlação de Pearson entre as escalas auto-imagem e auto-conceito, aparência e auto-estima apresentaram-se significativas para p<0,01, com os valores 0,451 e 0,355 respectivamente. No que se refere às escalas de auto-conceito e auto-estima verificou-se uma correlação de 0, 287, também significativa, para p<0,05.


CONCLUSÕES:

Com o estudo, foi possível verificar que mesmo apresentando sobrepeso e obesidade os adolescentes participantes do Programa de Tratamento Multiprofissional da Obesidade (PMTO) apresentaram índices satisfatórios de auto-estima, auto-conceito e auto-imagem, demonstrando que o excesso de peso, pode não interferir, de maneira direta, na população do estudo, na auto-descrição dos mesmos. A significativa relação entre as escalas do instrumento utilizado fornece evidências de validade de constructo do mesmo, devendo, no entanto, ser mais investigada para que possa ser empregada de modo mais generalizado, respeitando os critérios psicométricos necessários. Com isso, torna-se importante aplicar, analisar e avaliar esse tipo instrumento, visto que há uma limitação no número de instrumentos disponíveis para tal finalidade, além do que há relatos, de estudos que apontam resultados bastante diferentes aos obtidos no presente trabalho