Resumo

INTRODUÇÃO: Estima-se que os árbitros centrais de futebol cometam entre 20-26% de erros durante uma partida. Quando tomam suas decisões em campo, devem estar atentos em todos os jogadores que estão participando da jogada, além de perceberem estímulos visuais e auditivos ao longo de todo o campo. Enquanto apita, a concentração, além da recepção e o processamento de estímulos atencionais, são essenciais para a tomada de decisão correta. Admite-se que os erros cometidos pelos árbitros estejam relacionados a diminuição da atenção que pode ocorrer em decorrência da fadiga associada ao esforço físico desprendido durante o jogo de futebol. OBJETIVO: O presente trabalho avaliou a atenção visual de árbitros antes e depois da realização de teste físico exigido pela FIFA como requisito para que o árbitro permaneça na escala de arbitragem.  MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo longitudinal e observacional no qual a amostra foi composta por 20 árbitros de futebol de campo do sexo masculino, com faixa etária variando de 22 a 45 anos (29,9±6,8 anos). Todos os árbitros analisados foram aprovados no teste físico. A avaliação da atenção do grupo foi realizada através do Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA-vis), antes e após o teste físico obrigatório exigido pela FIFA. O TCA-Vis tem duração de 15 minutos, e nele são apresentados dois estímulos visuais, alvo e não alvo. A tarefa requeria que o indivíduo respondesse ao alvo, o mais rápido possível, e que inibisse sua resposta ao estímulo não alvo. Os parâmetros analisados no teste são: percentual de omissões (número de alvos corretos assinalados pelo examinando/total de alvos corretos), percentual de erros de comissão (número de não-alvos erroneamente respondidos pelo examinando/ total de não-alvos), tempo de reação (TR) e variabilidade do tempo de reação (VTR). Cada uma destas variáveis apresenta relação com determinados aspectos atencionais, respectivamente: %omissões=desatenção; %erros=impulsividade; TR= fadiga; VTR=capacidade em sustentar a atenção. Foi realizado um Teste-T pareado afim de comparar os valores de cada variável alcançados pelos árbitros antes e depois do teste físico. RESULTADOS: Não houve alteração significativa nos erros de omissão (t=-0,34 , gl=19, p=0,74) antes do teste (M= 1%, DP= 0,13) e depois do teste (M= 1,1%, DP= 0,09). Ausência de diferenças significativas foram também observadas nos erros de comissão (t=0,14 , gl=19, p=0,90) antes (M= 3,3%, DP= 0,18) e depois do teste (M= 3,3%, DP= 0,17). Em contraste, ocorreu pequeno, mas significante, aumento do TR (t=-2,16 , gl=19, p=0,044), antes (M=381,05ms, DP=29,43) e depois do teste (M=389,53ms, DP=49,83). Foi encontrado um aumento real e significativo da VTR (t=-2,78, gl=19, p=0,012), antes (M=78,82ms, DP=29,43)e depois do teste. (M=108,26ms, DP=49,83). CONCLUSÕES: Os dados apresentados indicaram que após o exercício físico a fadiga alterou de forma pequena, mas significativa, o TR, como demonstrado nos valores aumentados deste parâmetro. A VTR está muito afetada após o teste. Tal resultado sugere que haja uma diminuição da capacidade de sustentação da atenção. Portanto, sugere-se que a avaliação da atenção deva ser utilizada como pré-requisito para a seleção de árbitros.

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