Resumo

Em indivíduos com esquizofrenia a medicação antipsicótica e os inadequados estilos de vida contribuem para elevados níveis de obesidade e diabetes. Os hábitos alimentares nesta população são de especial importância uma vez que podem influenciar o prognóstico da doença. Contudo, verifica-se uma carência na investigação no que diz respeito à caraterização dos hábitos alimentares e na população com esquizofrenia. O objetivo deste estudo foi identificar os valores da ingestão energética total e os hábitos alimentares de individuos com esquizofrenia e compará-los com as recomendações e os valores de referência para a população portuguesa. A amostra foi constituída por 48 indivíduos (10) com diagnóstico de esquizofrenia (média 42.8±8.7 anos). Foram recolhidas medidas antropométricas e aplicado o Questionário semi-quantitativo de Frequência Alimentar. Os resultados demonstram que 31.3% da amostra apresenta excesso de peso, enquanto 45.8% apresenta obesidade. Relativamente à ingestão energética total, a amostra situa-se dentro do patamar recomendável (2060 Kcal). Contudo, a amostra apresenta consumo excessivo de gordura, proteínas e açúcares, e défices no consumo hortícolas, fruta e leguminosas. Quando comparamos os nossos resultados com a população portuguesa, foi possível verificar que os hábitos alimentares são similares. No entanto, os valores de consumo de gordura, proteínas e açúcares são mais elevados nos indivíduos com esquizofrenia. Devido aos diversos fatores de risco associados à doença, que estes indivíduos apresentam, torna-se importante participarem em programas de intervenção que permitam um melhor controlo de peso, das comorbidades inerentes à doença e ainda aconselhamento nutricional.

Acessar