Resumo

Os dados dos dois últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para um crescimento da população no correr dos anos, sinalizando também aumento no número de brasileiros com algum tipo de deficiência. Tal dado aponta o crescimento de uma parcela da população com necessidades diferenciadas, um nicho a ser explorado pelas diferentes áreas, entre elas a do esporte. O esporte oportuniza a participação desses indivíduos em diversas modalidades adaptadas, as quais apresentaram grande desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial. Dentre os esportes adaptados, aqueles disputados em cadeira de rodas tem uma posição de destaque, incluindo o basquetebol, handebol, atletismo, rugby, tiro, bocha, entre outros. A exemplo do esporte convencional, no esporte adaptado a técnica de movimento é fundamental para o desempenho. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a técnica de propulsão e a incidência de lesões de atletas de basquetebol em cadeira de rodas. Para tal, os atletas foram submetidos ao teste de agilidade em ziguezague, adaptado do Texas Fitness Test, e ao teste de velocidade em uma trajetória retilínea de 20 metros para avaliação do desempenho motor. Os níveis de dor e incidência de lesão foram levantados através de aplicação de questionário. Também foi avaliado o comportamento angular durante a propulsão. Para isso os atletas tiveram seus movimentos gravados por duas câmeras filmadoras durante a propulsão em velocidade máxima em um percurso retilíneo de 5 metros. O desempenho nos testes foram cruzados para se verificar se: a) existia relação entre os dados angulares e o melhor desempenho motor; b) existia relação entre a posição angular durante a movimentação e a incidência de lesões relatadas pelos sujeitos. Os resultados obtidos foram tratados por meio de estatística descritiva. Foi realizado o teste de correlação de Pearson para verificar possíveis associações entre as variáveis de interesse. Para as possíveis diferenças do comportamento angular entre os sujeitos mais rápidos e mais lentos e entre os sujeitos com maiores e menores níveis de dor, foram realizados sucessivos testes t- Student. Em todas as situações foi adotado nível de significância p<0,05. Os dados apontam que os atletas apresentam características ímpares de propulsão, embora o tamanho da amostra não permita determinar um padrão ótimo de movimento. A maioria dos atletas relatou dor no momento da coleta, com interferência nas atividades do cotidiano e na vida social dos sujeitos, além de que um alto índice de atletas sofreu lesão nos últimos doze meses. Também foi visto que as características angulares do movimento influenciam o desempenho e são influenciadas pela dor. A principal limitação do estudo foi o tamanho da amostra. 

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