Resumo


O crucifixo é um elemento chave na prova das argolas na Ginástica Artística Masculina. A posição anatômica durante a sua execução requer a abdução do ombro em 90° no plano frontal, o que provoca grande solicitação mecânica nas articulações do ombro. Em condição de treino, um aparelho modificado é mundialmente utilizado para diminuir as cargas no ombro e permitir maior numero de repetições do crucifixo. Estudos sugerem que há diferenças na ativação muscular no ombro entre a situação de treino e competição. Entretanto, ainda não há conhecimento sobre a especificidade dos aparelhos de treino no âmbito da biomecânica, considerando a cinemática, cinética e eletromiografia em bases individuais. O objetivo geral desta tese projeto é investigar a biomecânica do crucifixo com o uso das argolas de competição e de treinamento. Doze ginastas brasileiros de alto nível foram testados em dinamômetro isocinético para verificação de assimetria na força de ombros e eletromiografia. Após intervalo de uma semana, os participantes realizaram, em seus ginásios de treinamento, três crucifixos nas argolas de competição e no aparelho de treino em ordem aleatória. Foi utilizada uma câmera de vídeo digital, uma célula de carga acoplada em cada cabo das argolas e eletromiografia de superfície em nove músculos do membro superior. Os resultados foram comparados por testes paramétricos, não paramétricos e estatística descritiva. A assimetria nas forças de ombro foi de 9,9±6,4%. Os ângulos do ombro no aparelho de treino tiveram menor desvio da posição alvo com 90° de abdução do que nas argolas para o ombro direito e esquerdo, e menores valores de simetria. As forças nos cabos foram semelhantes em ambos os aparelhos, como também a simetria. Não houve diferença na eletromiografia de nove músculos e valores de co-contração entre os dois aparelhos. As argolas de treino permitiram aos ginastas um melhor desempenho do crucifixo sem alterar o padrão de ativação muscular do ombro das argolas de competição. A orientação individualizada é necessária para que os ginastas realizem o crucifixo no aparelho de treino da mesma maneira que realizam nas argolas de competição, para que as equivalentes características biomecânicas sejam mantidas
 

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