Integra

Olá, bom dia a todas e a todos que me acompanham por aqui.

O tema do podcast de hoje é “Formal, Informal e Não Formal”, também identificado pela sigla FIN.

Costumam dizer que, se alguém que viveu no Brasil há dois séculos e retornasse aos nossos dias, provavelmente reconheceria tão somente duas instituições, a igreja e a escola. A igreja, nem tanto, já que pelo menos na religião católica, que eu professo, há uma crescente participação de leigos em praticamente tudo que se faz. Já a escola ficaria mais fácil. Aqui, longe de generalizações rasas, ainda prevalece o modelo de uma “cela de aula”, com uma professora ou professor que a visita, tentando ensinar quarenta crianças que tem a esperança de aprender, perfiladas em carteiras individuais, uma atrás da outra, via de regra, com conteúdo pouco atrativo, num processo de “depósito de conhecimentos”.

Na semana passada apresentei aqui o foco da Fundação Luiz Almeida Marins Filho - LAMF, motivadora deste podcast semanal, “Ensinar a Aprender”, assim como a evolução de seus projetos ao longo de quase 22 anos de existência.

Concluí destacando a importância de um tripé no processo de aprendizagem representado pela sinergia da educação formal, informal e não foraml.

Tive acesso a esses termos pela primeira vez quando participei ativamente de um movimento denominado “Esporte para Todos”, ocorrido nas décadas de 1970 e 80, que explorava novas formas para motivar a adesão das pessoas às diversas práticas esportivas no curto prazo, buscando estabelecer a aderência de médio-longo prazo através da absorção de novos hábitos culturais, calcados no empoderamento das comunidades.

Na ocasião, principalmente a área da Educação Física e Esportes, a qual eu estava vinculado, a norma era ensinar com rigor os movimentos, o mais próximo da perfeição possível, ou seja, através da educação formal. Nessa época eu tinha concluído a minha dissertação de mestrado nos Estados Unidos, a qual comparava dois métodos de ensino de voleibol com crianças do sétimo ano: o global, através da imersão no jogo, com aquele que dividia a modalidade em partes, através dos gestos motores conhecidos como o saque, a manchete, o toque, a cortada e assim por diante. Os resultados nos testes padronizados não foram estatisticamente significativos, no entanto, era visível observar a alegria do grupo que aprendia pela prática do jogo.

Na época, a recreação já havia me contaminado, a qual já considerava a importância de maior acesso aos diversos conteúdos culturais do lazer, através de um amplo espectro das práticas não-formais, com possíveis adaptações de conteúdos e metodologias, buscando o que o grande educador Antonio Carlos Gomes da Costa preconizava: “ingresso, regresso, permanência e sucesso”.

A partir do domínio necessário de conhecimentos e habilidades de uma determinada experiência de lazer através de uma abordagem não-formal, seria possível introduzir elementos da formalidade, com o intuito de, ao longo da vida, na perspectiva da informalidade, poder usufruir da mesma no futuro.

Nesse sentido, como tornar a relação “formal, informal e não formal” um ciclo virtuoso? Como as famílias, as escolas, as comunidades e as cidades tratam dessas relações?

O que se observa é que, nesse período de afastamento compulsório à educação formal presencial na escola, houve uma limitada exposição de nossas crianças e adolescentes ao repertório de conhecimentos e habilidades não-formais e informais, aqui mediadas, especialmente, por uma educação, como nos ensinou o sociólogo Renato Requixa nos idos dos anos 1960/70, “para e pelo lazer”, de forma melhor estruturada.

Voltando à minha área profissional, uma provocação: ao final dessas olimpíadas realizadas no Japão, os resultados alcançados pelo Brasil nos remetem ao papel da escola: até que ponto sua falência em ensinar as modalidades esportivas tradicionais, como futebol, vôlei, handball, atletismo, etc. foi superada por aquelas de maior apelo comunitários, como skate, surf, box, canoagem, etc., nas quais o aprendizado inicia-se na informalidade, transitando pelo não-formal, para então ser sistematizada na formalidade?

Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.

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