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Acabo de retornar do ENAREL (Encontro Nacional de Recreação e Lazer), realizado em Ouro Preto/MG, de 13 a 16 de Novembro, que contou com mais de 400 participantes.
Num país de acontecimentos efêmeros, em particular em nossa área de estudo e intervenção, não é pouca coisa celebrar 25 anos de existência ininterrupta, abordando um tema igualmente emblemático pela aproximação de datas quando foi promulgada a constituição federal brasileira que trouxe, no seu artigo 6º, o “lazer como direito social” (tema do evento).
Nesta edição, além da conferência de abertura proferida por José Guilherme Cantor Magnani, um dos autores brasileiros pioneiros na aproximação do lazer e antropologia através do seu já clássico “Festa no Pedaço” (1998, já em sua terceira edição em 2004), o evento contou com cinco mesas redondas, 92 comunicações orais divididas em 17 sessões,156 apresentações em pôsteres, 17 oficinas de trabalho, 12 encontros temáticos institucionais e o lançamento da revista “Sinais Sociais” (volume 23), editada pelo SESC/Departamento Nacional, tematizada no lazer, o qual incluiu debates com os seus autores. Tudo isso mais apresentações artísticas e reuniões informais entre os presentes, enfatizando o que sempre foi o ENAREL: um encontro de profissionais do vasto campo do lazer compartilhando seus saberes, com muita seriedade, sem sisudez e muita afetividade.
Vale o destaque para o SESC como promotor do evento. Além da adequada infraestrutura e logística, cuidou para que a memória dessa importante estágio de vida do ENAREL fosse resgatado e registrado em maior profundidade, tendo entrevistado mais de uma dezena de atores que criaram e até hoje mantem tão importante evento para quem atua no campo do lazer. Uma resenha desse material através de vídeo foi apresentada já no evento e todo seu conteúdo, assim como os anais serão organizados e publicados em breve.
Embora eu tenha tratado aqui quase que exclusivamente de dados numéricos do ENAREL a qualidade das apresentações e os debates decorrentes também merecem elogios, mesmo com os limites de alguém que pode acompanhar um evento repleto de simultaneidades. Nesse contexto, considero, por exemplo, um avanço conceitual para a área ao trazer pelo menos dois juristas que pude ouvir, com publicações na aproximação do lazer e do direito, buscando explicar a inclusão do lazer como direito social Infelizmente a predominância da análise ainda está na centralidade do trabalho para a concretização do desenvolvimento humano e não na essencialidade do lazer. Mas isso é assunto para outra conversa por aqui.
Finalmente, uma dimensão na qual o ENAREL pode muito avançar está na atualização dos meios de divulgação científica através da multiplicidade que o mundo web nos apresenta. Certamente muitos interessados no assunto, tanto do Brasil como no exterior, poderiam se beneficiar com os debates ocorridos se houvesse uma transmissão ao vivo e em tempo real. Fica aqui essa sugestão para o 26º ENAREL, que será realizado em Ilhéus/BA em novembro do ano que vem, tratando do tema “Lazer: Legados, Identidades e Regionalidades”.
Abraços

Por Bramante
em 17-11-2013, às 15:14

4 comentários. Deixe o seu.

Comentários

Prof, Bramante,

Ótimo relato.
Realmente o ENAREL está devendo nas transmissões via internet, que começaram no século passado na Educação Física (a tese sobre o CEV foi transmitida pela internet em 1998 na Unicamp).
Continuamos na batalha de ter TODOS os trabalhos de TODAS as edições do ENAREL na biblioteca do CEV. Tivemos alguma luz em Ouro Preto sobre isso?
Laercio

Por Laercio Elias Pereira
em 17-11-2013, às 16:32.

Prezado Professor Bramante,

Pena, não deu para ir ao Enarel. Concluí o Doutorado e nessa reta final estava totalmente focada na tese.
Estou precisando falar-lhe com urgência sobre a SBPC que será aqui no Acre em julho do ano que vem.
Abraços
Lucy

Por Lucy Queiroz
em 17-11-2013, às 17:48.

Caro Prof. Laércio, grato pela sua interação.
Sinceramente eu não compreendo as razões que levam os organizadores de um evento da magnitude de um ENAREL a não socializá-lo com outras pessoas NO MUNDO via web. Fui informado por um dos autores (Prof. Helder/UFMG)do livro que relata os 21 anos de história do ENAREL que o mesmo será atualizado para trazer agora os 25 anos de ENAREL (já existe verba destinada para tal). Sinceramente, acho que essa tarefa poderia ser encampada por um dos mais de 200 grupos de estudos e pesquisas de lazer registrados no CNPQ…
Portanto, meu caro Laércio, não houve alguma luz em Ouro Preto…

Por Bramante
em 18-11-2013, às 11:38.

Dra. Lucy, meus parabéns! espero revê-la em breve.

Por Bramante
em 18-12-2013, às 23:25. 

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