Resumo

2016 foi um ano ímpar na história do Brasil. Presenciamos o impeachment da presidenta da República e o início de um novo governo, o qual tem apresentado uma postura de redução de direitos constitucionais em diversas esferas. Dentre as iniciativas que caracterizam esta postura, ressalta-se um projeto que aprovado por um Congresso com ampla maioria da situação resultou na Emenda Constitucional de teto de gastos primários, dentre eles os investimentos em Educação e Saúde por vinte anos; projeto de reforma da previdência com profundas alterações na aposentadoria. Outra iniciativa governamental que compõem esse cenário é a Medida Provisória de reforma do Ensino Médio que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação em vigor e em âmbito legislativo, identifica-se um conjunto de projetos de lei reconhecido socialmente como “Escola sem Partido”. Mas, no âmbito da produção e divulgação do conhecimento, destaca-se a redução dos aportes para Ciência e Tecnologia, prenúncio de um possível retorno à dependência no âmbito do conhecimento de outros países mais desenvolvidos, dinâmica esta historicamente criticada e na qual vinham-se apresentando significativos avanços nos últimos anos. Ano marcado pelas greves de servidores técnico administrativos e docentes da Rede Federal de Ensino, e pelo movimento das ocupações estudantis, iniciado pelos secundaristas e ampliado pelos universitários, em milhares de estabelecimentos educacionais por todo país. As ruas foram tomadas por diferentes movimentos de resistência a esta lógica e outros autodeclarados como de combate a corrupção, mas de interesses contraditórios. É em meio a este contexto que lançamos a Pensar a Prática Volume 19, número 4. Algo a comemorar neste turbilhão vivenciado nos campos político, social e econômico no país; algo a comemorar por mantermos a regularidade dos números e, ainda mais, por manter nossa contribuição para este campo acadêmico científico. Algo a comemorar, pois dois outros colegas da FEFD/UFG somam-se ao desafio editorial responsabilizando-se por seções temáticas: Ana Paula Salles da Silva e Paulo Roberto Viana Gentil. Neste último número do ano de 2016, trazemos, além dos artigos originais, fruto de pesquisas empíricas, das Revisões de Literatura, ensaios e resenhas, um grupo de textos desenvolvidos na forma de dossiê temático - anunciado no início do corrente ano e bem recebido pela comunidade acadêmica, especialmente pela força de sua penetração nas Instituições de Ensino Superior do país: as reformulações das Diretrizes Curriculares para os Cursos de Educação Física. Pelo menos desde o final de 2015, o Conselho Nacional de Educação tem debatido as novas DCN’s para a Educação Física e, em dado momento, chegou a anunciar que a formação se daria de maneira única, por meio da Licenciatura Plena. Esta declaração gerou intensos debates no Brasil, envolvendo entidades científicas, Conselho Nacional de Educação Física, Instituições de Ensino Superior, Professores e Estudantes. Este movimento também provocou uma série de pesquisadores sobre o tema e parte importante destes debates estão sintetizadas nos seis primeiros artigos publicados neste número.  No ano de 2017, a Revista Pensar a Prática completará 20 anos da publicação de seu primeiro número e de sua contribuição ininterrupta ao debate acadêmico da Educação Física e à produção do conhecimento de forma mais ampla. Novos desafios em um contexto adverso. Nos resta, portanto, em nome de todo o corpo editorial da Pensar a Prática agradecer a todos os revisores e autores que colaboraram com a consolidação deste periódico e despedirnos desejando a todos, notícias mais alvissareiras no ano vindouro.

Os Editores.

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