Resumo

A brinquedoteca constitui-se em um ambiente lúdico que permite o contato da criança com uma variedade de brinquedos. Além disso, é um importante espaço para o brincar, particularmente o infantil. O brincar, por sua vez, do ponto de vista psicanalítico é um caminho para ascender ao novo, aprender, (re)elaborar um saber lúdico. Nesta perspectiva, este trabalho teve por objetivo discutir a possibilidade das crianças (re)construírem as regras, no brincar com jogos, em uma brinquedoteca. Foram observadas 15 crianças, de ambos os sexos, com idade entre 8 e 9 anos que freqüentavam a brinquedoteca de uma escola particular da cidade de Rio Claro, estado de São Paulo, Brasil, num período de 3 meses. Os dados mostraram que, ao brincar com jogos tais como Banco Imobiliário, Jogo da Vida, e Detetive, as crianças, na maioria das vezes, seguiam as regras que estavam estabelecidas nas embalagens Em alguns momentos, a professora da brinquedoteca propunha às crianças a invenção de novas regras para os jogos. No entanto, observou-se que as mesmas demonstravam resistência em mudar as regras, preferindo, portanto, aquelas contidas nas embalagens. Notou-se, nas crianças, uma tendência a repetir as regras estabelecidas por um Outro, que estabelece como se joga. Assim, se existe uma maneira ensinada de jogar, pressupõe-se que qualquer outra alternativa esteja errada. Esta postura limita a exploração do brinquedo pela criança e, consequentemente, a criação de novos jogos. Neste contexto, acreditamos na importância do papel de pais e professores em estarem abertos ao novo, propondo a criança repensar o já aprendido, alterando o sentido que é dado pelo Outro.