Resumo

A obesidade é um problema de saúde pública no mundo e a sua prevalência tem aumentado de forma alarmante em todos os grupos sociais e faixas etárias, tanto nos países desenvolvidos quanto os que ainda estão em desenvolvimento. O grande propósito do combate à obesidade infanto-juvenil e doenças correlacionadas está na mudança do estilo de vida, utilizando intervenções que possam desenvolver as modificações dos hábitos e comportamentos inadequados, diminuindo a inatividade física e melhorando o controle de alimentos. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de 12 semanas de caminhada aquática em suspensão (CAS), associada à orientação nutricional em crianças e adolescentes obesas. Foram estudados 63 indivíduos obesos, com índice de massa corporal (IMC) acima do percentil 95 para idade e sexo, pela curva padronizada do Center for Disease Control and Prevention (CDC) de ambos os sexos, com idade variando entre os 10 e 16 anos. Os sujeitos foram subdivididos em três grupos: grupo de exercício e orientação nutricional (GEON n=23), grupo de exercício (GEX n=22), grupo controle (GC n= 18). Foram avaliados, na fase inicial e final, quanto ao peso, estatura, IMC, pressão arterial (PA), circunferência abdominal (CA), freqüência cardíaca de repouso (FCrep), freqüência cardíaca de imersão (FCI), freqüência cardíaca máxima (FCmáx). Foram dosados, glicemia em jejum (Glicose), triglicerídeos (TG), colesterol total (CT) e frações em jejum. Para a prescrição de exercícios foi utilizada a freqüência cardíaca (FC) obtida em teste máximo específico, realizado na água e a taxa de esforço percebido (TEP), com base em duas escalas, 6 a 20 de (Borg) e 0 a 10 (OMNI). Cada sessão de atividade física (AF) consistiu de 60 min. de CAS em intensidade entre 35 a 60 % da freqüência cardíaca de reserva (FCR), perfazendo um total de doze semanas. Análise estatística utilizada foi ANOVA ONE – WAY para comparação inicial entre os grupos, teste de Tukey para as diferenças. Para as variáveis pré e pós testes, análise de variância (MANOVA) para medidas repetidas com post hoc de Bonferroni. Considerou-se significativo para alpha menor que 5%. Os grupos não diferiram em relação à idade e medidas antropométricas. O GEON apresentou valores médios iniciais de CT, LDL maiores e HDL mais baixo em relação ao GEX e GC (p<0,05). Após 12 semanas, os resultados demonstraram aumento da distância percorrida por sessão e redução da FCrep nos grupos GEON E GEX. A intensidade do exercício atingida pelos participantes ficou entre 40% e 60% da FC de reserva. Houve aumento significativo da estatura nos participantes do GEX e GC (p<0,001), entretanto o IMC escore-Z reduziu significativamente apenas no GEON (p<0,001). As demais variáveis antropométricas não modificaram significativamente nos três grupos após 12 semanas. Em relação ao perfil lipídico, o GEON reduziu o CT e LDLC (p<0,001), enquanto o GEX reduziu apenas o LDL-C (p<0,05) e o GC não alterou os níveis de CT e LDL. Não foram observadas modificações no TG nos três grupos. O HDL-C reduziu no GEON (p<0,01) e no GC (p<0,05), não apresentando alterações no GEX. Os três grupos não apresentaram valores alterados de glicemia, embora o GEX tenha reduzido a sua concentração após 12 semanas de exercício (p<0,01). O programa de 12 semanas de CAS melhorou o condicionamento físico dos praticantes e, em comparação ao GC, os níveis de LDL. Entretanto a associação da CAS com a orientação nutricional foi mais eficiente em reduzir o IMC escoreZ e os níveis de CT. 

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