Resumo

O objetivo desse estudo é: (a) verificar o efeito do desgaste do calçado na Força de Reação do Solo (FRS) e na distribuição de pressão plantar e (b) verificar a influência do desgaste em calçados de diferentes destinações de uso. Três sujeitos participaram desse estudo, usando cada um quatro calçados de corrida, sendo dois de treinamento (T1 e T2) e dois de competição (C1 e C2). Os calçados foram submetidos ao uso correspondente a 300km. As coletas de dados foram feitas, com o calçado novo e após 100, 200 e 300km de uso, utilizando o sistema Gaitway e o sistema F-Scan. Nos calçados novos, na FRS, a Taxa de Crescimento1 (TC1) foi significativamente maior no calçado C2, do que nos calçados C1 e T2. Na distribuição de pressão plantar, pequena diferença foi observada na Área total (AT) e nos picos de pressão, entre os calçados. Na influência do desgaste nos resultados de grupo, na FRS, o TC1 apresentou valores semelhantes entre as condições Novo e 300km, portanto o choque mecânico não se alterou. Na fase ativa da FRS, oscilações pequenas foram observadas e atribuídas a possíveis variações naturais do movimento, conforme descrito por SERRÃO (1999) e WINTER (1991). Na distribuição de pressão, a AT apresentou um aumento significativo da condição Novo, para as demais condições de uso. O aumento da área foi atribuído à possível compactação do calçado, sendo que essa alteração justificaria a crença de que o calçado novo precise ser amaciado. Entre os picos de pressão analisados, apenas o Pico de Pressão do Antepé (PPA) apresentou diminuição significativa nos valores, da condição Novo para os 300km. Observou-se que após o desgaste imposto, o estresse mecânico se manteve ou se apresentou menor que nas condições iniciais. Na análise da influência do desgaste nos diferentes calçados, para TC1, as diferenças que inicialmente eram significativas tornaram-se não significativas, a partir dos 200km, entre os calçados C1, C2 e T2. Os parâmetros da fase ativa foram pouco influenciados, porém influenciados de forma distinta pelo desgaste, nos calçados analisados. Na distribuição de pressão plantar, a área de contato foi influenciada de forma distinta em cada calçado. Nos picos de pressão plantar, grandes variações foram observadas, porém não atribuíveis ao desgaste promovido no calçado. Conclui-se que o desgaste, correspondente a 300km, pouco alterou o choque mecânico e o estresse mecânico nos calçados analisados. Por meio da destinação de uso, não é possível prever a resposta de calçados de treinamento e de competição ao indivíduo, nem supor que a durabilidade do calçado de competição seja menor do que a do calçado de treinamento

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