Resumo

Nos últimos anos têm-se registado vários episódios de morte súbita durante a prática desportiva. Sabendo-se que os responsáveis pelas emergências médicas necessitam intervir rapidamente para realizar técnicas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), não se conhece, no entanto, o efeito que esse esforço prévio tem na sua qualidade. O nosso objetivo foi caraterizar os parâmetros cardiorrespiratórios da RCP após um esfoço máximo. Dez responsáveis de emergências (27.6±5.3 anos, 68.1±2.5kg e 1.73±0.05m) realizaram um protocolo de 4-min RCP (taxa de compressão-ventilação 30:2) num manequim precedidos de uma corrida máxima de 100-m. O consumo de oxigénio (VO2) e a frequência cardíaca (FC) foram analisados respiração-a-respiração por um analisador de gás portátil (K4b2, Cosmed, Itália), sendo o VO2pico e a FCpico considerados como os valores mais elevados durante os 4-min RCP. A corrida induziu um crescimento rápido do VO2 e da FC, com os valores mais elevados sendo atingidos nos primeiros momentos do esforço (42.3±4.2 ml.kg-1.min-1 e 169±11 bpm). Depois, até ao 2-min de RCP, verificou-se um decréscimo rápido e acentuado dos valores de VO2 e FC, que se mantiveram estáveis até ao final do esforço (22.4±5.4 ml.kg-1.min-1 e 120±8 bpm). Concluímos que uma corrida de 100-m realizada à máxima velocidade induz uma variação rápida e exponencial dos valores de VO2 e FC nos primeiros momentos do esforço, pelo que se sugere que o estado de fadiga do executante deva ser considerado como um estímulo efetivo no treino da RCP, neste caso nos responsáveis de emergências, assegurando uma melhor qualidade nas insuflações para a vítima.

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