Resumo

O presente estudo segue os procedimentos da pesquisa etnográfica (WOODS, 1998). Objetivou identificar e caracterizar como a educação física intervém junto às classes especiais que, até fevereiro de 2010, eram chamadas de classes especiais de Condutas Típicas, em um município do norte do Paraná, tendo por base os preceitos da escola inclusiva; caracterizar os documentos que fundamentam e regulamentam a intervenção da educação física junto às classes de condutas típicas; e caracterizar as condições dos alunos classificados dentro do quadro de condutas típicas nas escolas do município participante. Os procedimentos metodológicos foram divididos em três etapas para garantir a amplitude da análise: 1) Análise documental; 2) Entrevista recorrente; e 3) Observação e Filmagem das aulas de Educação Física. Os resultados apontaram a imprecisão na caracterização do aluno com Condutas Típicas e a secundarização do atendimento destes alunos nas aulas de Educação Física. As aulas foram planejadas de acordo com o conceito da Cultura Corporal de Movimento, porém dirigidas refletindo a perpetuação do modelo tecnicista e performático, que não prioriza uma possível visão e compreensão cultural e diversa dos movimentos. O movimento de inclusão dos alunos em nenhum momento promoveu o rompimento de preconceitos enraizados socialmente, mas sim afirmou o caráter ultrageneralizador e negativo do esteriótipo atribuído aos alunos da classe especial. O fato dos alunos não demandarem adaptações curriculares ou procedimentais e apresentarem um desempenho igual ou melhor que os alunos da classe regular não foi suficiente para valorizá-los, pois suas capacidades e habilidades não superaram a classificação como deficientes e a utilização de uma pedagogia disciplinadora.

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