Resumo

INTRODUÇÃO: No mundo todo, a alta prevalência de sedentarismo da população trabalhadora é preocupante. A falta de prática de atividade física aumenta os riscos em relação aos prejuízos da qualidade de vida, bem como, a morbidade e mortalidade destes indivíduos. As evidências científicas atuais, apesar de serem fundamentais, são insuficientes para indicar quais ações aplicadas no ambiente corporativo podem contribuir na minimização das condições de risco do sedentarismo. OBJETIVO: Comparar a associação de diferentes práticas de atividade física - atividade física sistematizada (AFS), grupos de treinamento físico programado (TFP) e grupos de aconselhamento à prática de atividade física (GA) sobre o nível de atividade física (NAF) e a percepção da qualidade de vida (QV) de trabalhadores do setor administrativo (ADM) de uma comunidade universitária. MÉTODO: Na fase I foram avaliados 645 sujeitos pertencentes à comunidade de ensino superior (discentes, docentes e trabalhadores ADM) e na fase II foram estratificados da amostra total 165 trabalhadores ADM que foram avaliados e aleatorizados, além do grupo controle (GI), para uma das 3 intervenções: (GII= AFS; GIII=AFS +TFP e GIV= AFS+ GA). As variáveis sociodemográficas, socioeconômicas e de saúde (formulário socioeconômico e de saúde e critério de classificação econômica do Brasil), NAF (IPAQ curto), percepção da QV (WHOQOL- bref), barreiras à prática de atividade física (NEWS) e estágios de prontidão para a mudança de comportamento em relação à atividade física (EPMC) foram analisadas por meio eletrônico. No início da pesquisa todas as variáveis foram coletadas (fase I) e repetidas na pré- intervenção e após 16 semanas de intervenção (fase II), totalizando a duração da pesquisa em 10 meses. RESULTADOS: Na fase I os grupos discentes e trabalhadores ADM descreveram, respectivamente, características sociodemográficas e socioeconômicas com similitudes: F (71,1%; 67,2 %), jovens entre 17 e 29 anos (81,9%; 50%), solteiros (80,0%; 58,3%), com renda mensal entre 1 e 3 salários mínimos (43,8%; 51,4%) e nível socioeconômico D (42,0%; 44,0%) e os docentes inversamente, a não ser pelo tempo de estudo. O NAF (suficientemente ativos- 64%) e o EPMC contemplação (41,4%) não apresentaram diferenças entre os grupos. Já a saúde foi pior para os trabalhadores ADM (presença de morbidades - 29,9%) e QV Total e a QV Geral foi maior para os docentes (73,5±23,2; 81±13,5) e trabalhadores ADM (70,1±22,6; 76,2±15,8) do que discentes (68,6±21,6; 74,4±16,0). Na fase II, pré- intervenção os grupos descreveram características sociodemográficas, socioeconômicas e de saúde sem diferenças. Pós- intervenção, o NAF apresentou maiores impactos nos grupos GIII-AFS + TFP (284,4%) e GIV- AFS + GA (243,3%), quando comparados aos outros grupos GI- Controle (- 83, %) e GII-AFS (-8,4%). A QV destacou maiores diferenças nos grupos GIII-AFS + TFP (9,8%) e GII-AFS (5,7%), quando comparados aos outros grupos GIV- AFS + GA (-0,4) e GI- Controle (0,1%). Todos os mecanismos de intervenção associados à prática de AFS foram mais relevantes quando comparados ao grupo que não participou das intervenções. CONCLUSÃO: Os programas de atividade física aplicados no local de trabalho exerceram influência positiva sobre o NAF e QV do trabalhador ADM. Os programas associados com maior frequência, compostos por vivências práticas e educacionais, foram os que apresentaram os melhores resultados. 

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