Resumo

O acidente vascular encefálico (AVE) acarreta alterações neurológicas, com comprometimentos sensitivos, motores e funcionais. Por isso, exercícios aeróbios são recomendados como parte de programas de reabilitação neurológica desses pacientes. Porém, os protocolos de avaliação cardiopulmonar aplicados em população saudável não são adequados para indivíduos hemiparéticos, em virtude da especificidade de suas limitações motoras. Assim, o objetivo da presente dissertação de mestrado foi comparar as respostas cardiorrespiratórias e perceptivas máximas e submáximas produzidas por protocolos em rampa em esteira ergométrica, especificamente desenvolvidos para pacientes hemiparéticos crônicos por sequela de AVE. Onze indivíduos hemiparéticos (52±14anos, 10 homens) foram submetidos a dois protocolos de teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) em rampa, um dos quais proposto por Ovando et al. (2011) e outro contendo adaptações sugeridas para aumentar sua especificidade para indivíduos hemiparéticos. As variáveis de trocas gasosas e ventilatórias foram coletadas diretamente em sistema aberto e a percepção subjetiva de esforço através da escala de Borg (PSE - CR10) e percepção de caminhada (PSC 0-5). O teste t-Student para amostras pareadas foi utilizado para a comparação dos valores de VO2, pressão arterial sistólica e frequência cardíaca no pico do esforço, velocidade máxima e tempo total de teste, assim como para o limiar ventilatório 1. A ANOVA de duas entradas com medidas repetidas foi utilizada para a comparação da percepção de esforço e de caminhada ao longo do teste (PSE e PSC vs. Tempo). Para a comparação das relações entre VO2-Carga, FC - Carga e VO2- FC entre os protocolos de TCPE, foram calculadas regressões lineares individuais para cada paciente, sendo os slopes, interceptos e erro padrão da estimativa (SEE) comparados por teste t-Student. Em comparação com o protocolo de Ovando et al. (2011), o protocolo de TCPE presentemente proposto induziu respostas maiores de consumo de oxigênio de pico (20,3 vs 18,3 mL.Kg.min-1, p = 0,04), consumo de oxigênio no limiar ventilatório I (VO2LVI) (11,5 vs. 9,8 mL.Kg.min-1, p=0,04) e duração total do teste (T.Total) (10±3 vs 6±2 min, p = 0,0005), ao mesmo tempo que induziu menores respostas de pressão arterial sistólica de pico (156 vs 162 mmHg, p=0,02), PSE (PSE P = 0,01) e PSC (P=0,006). Em conclusão, as adaptações na razão de incremento da carga presentemente propostas ao protocolo original de Ovando et al. (2011) possibilitaram com que indivíduos hemiparéticos realizassem TCPE com maior desempenho e menor sensação de fadiga. Além disso, o incremento de carga no presente protocolo proporcionou uma melhor relação fisiológica entre variáveis submáximas de esforço, tornando-o mais adequado para o estabelecimento de intensidade do exercício aeróbio em situações de treinamento.

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