Resumo

O pênalti do futebol de campo pode ser executado de forma potente ou colocada. Essas diferentes formas de bater o pênalti são estudadas na literatura específica do ponto de vista do desempenho e do comportamento do olhar, sobretudo em atletas homens com níveis distintos de experiência. O objetivo deste estudo foi comparar o comportamento do olhar e o desempenho de jogadoras amadoras e profissionais de futebol em cobranças de pênalti potentes e colocados. Seis jogadoras profissionais de dois clubes tradicionais da série A do Campeonato Brasileiro (23,3 ± 3,6 anos) e 8 jogadoras amadoras (23,8 ± 5,8 anos) executaram 5 cobranças de pênalti potentes e 5 colocadas, em ordem aleatória, em campo oficial de futebol. O desempenho foi medido pelo local final da bola e o comportamento do olhar foi medido com um eyetracker. As análises de variância de duas vias (experiência x tipo de chute) indicaram que as profissionais (2573 ± 81,76) demoraram mais tempo (em milissegundos) para cobrar os pênaltis em relação às amadoras (1937 ± 60,02) [F(1,116)= 39,32; p=0,0001; ƞp2 =0,253], as profissionais apresentaram maior percentual de fixações na bola (81,56 ± 4,94) quando comparadas às amadoras (60,39 ± 8,83) [F(1,40)=4,38; p=0,043; ƞp2 =0,099], as profissionais fizeram mais fixações visuais nos pênaltis potentes convertidos (4,3 ± 0,54) em comparação aos pênaltis potentes desperdiçados (2,3 ±0,76) [F(1,71)=4,21; p=0,044; ƞp2 =0,056] e as profissionais (12,08 ± 0,96) apresentaram maior variabilidade do diâmetro da pupila (pixels) em comparação às amadoras (8,69 ± 1,21) [F(1,127)=4,81; p=0,03; ƞp2 =0,036]. Ainda, as amadoras apresentaram diferença marginal significativa no local final da bola [X2(5)=10; p=0,07], com menor incidência de cobranças nos cantos altos e maior incidência nos cantos baixos e no centro alto e baixo; para as profissionais, não houve diferenças significativas no local final da bola, o que significa que a incidência de cobrança foi distribuída nas seis áreas do gol. Os achados da presente pesquisa evidenciam que as jogadoras de futebol profissionais possuem maior atenção visual (fixações visuais) e maior esforço cognitivo (pupilometria) para cobrar o pênalti, quando comparadas às amadoras.