Resumo

A fadiga muscular, definida como a incapacidade na manutenção de um nível esperado de força, tem sido amplamente investigada nas áreas clínica e desportiva. Na investigação dos efeitos da fadiga sobre a regulação da contração, a eletromiografia de superfície (SEMG) tem sido uma importante ferramenta eletrodiagnóstica, pois diferentes parâmetros de análise podem ser extraídos a partir do sinal de EMG. Dentre estes parâmetros, a velocidade de condução dos potenciais de ação das unidades motoras (VCPAUMs) tem sido uma variável importante neste tipo de avaliação, apesar de comumente ser detectada através de técnicas invasivas, mediante eletrodos de arame ou agulha. Assim, o objetivo deste trabalho foi estimar a VCPAUM através da SEMG, avaliando o seu comportamento temporal, em contrações isométricas realizadas até a exaustão. Dezoito voluntários (nove homens e nove mulheres; idade de 25,6 ± 6,8 anos), alunos da EEFD/UFRJ, consentiram em participar do estudo. Os sinais de EMG foram colhidos a partir do músculo bíceps braquial direito em três diferentes níveis (25%, 50 e 75% da carga máxima (CM)), sendo, então, divididos em três trechos, correspondentes ao tempo total gasto na tarefa, assim denominados: início (T1), meio (T2) e fim (T3). A VCPAUM apresentou redução temporal durante a passagem pelos trechos (p < 0,0001), comparando todas as cargas. Entretanto, foi observada uma queda abrupta da VCPAUM em T3, principalmente em 50 e 75% da CM (p < 0,05), quando comparadas com a carga de 25% da CM. Os resultados apontam que a VCPAUM sofre modificações na medida em que há uma redução no pH intracelular, fundamental na permeabilidade da membrana celular e que pode ser decorrente de uma diminuição no aporte sanguíneo, pelo aumento no tempo e no nível de contração. Além disso, a adaptação no uso da SEMG para a estimativa da VCPAUM mostrou a viabilidade no uso do método como ferramenta diagnóstica.

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