Resumo

Este trabalho é fruto de uma pesquisa de doutorado que busca identificar o lazer vivido por pessoas que estão na iminência da morte, traçando um panorama sobre as diversas maneiras com que as pessoas desempenham atividades que consideram prazerosas quando se encontram em situação de doença grave e sem perspectiva de cura. Propomo-nos a nos enveredar pelas contribuições de Morin que discute a condição social do homem que vive apesar da morte. Em seu ponto de vista, o homem aprende a viver com ela e apesar dela (MORIN, 1970, p.17). Por isso a necessidade de focar as lentes deste trabalho a um espaço microssocial e imergir nas experiências de vida que protagonizam suas singularidades reservadas às suas condições de vida e que vão desenhando um design de comportamento humano diante da morte iminente. A pergunta “é possível morrer feliz?” vem no sentido de uma provocação sobre reflexões advindas de pessoas na finitude e suas relações com atividades de lazer nesse momento especial da vida, em uma compreensão do lazer como um fazer hedonista, marcado como busca de um estado de satisfação, tomado como um fim em si (Dumazedier, 2008, p.95). Esta pesquisa será desenvolvida em um Instituto de Hemodiálise e Transplante Renal voltado à população com Insuficiência Renal Crônica Terminal. Será desenvolvida por meio da metodologia qualitativa denominada photovoice. Os participantes realizarão registros fotográficos que serão disparadores para as narrativas e deverão responder à seguinte pergunta: “O que estas fotos dizem sobre o lazer neste momento especial de minha vida”. Discutir a possibilidade de findar a vida sentindo-se feliz com atividades de livre escolha certamente trará informações de grande riqueza para os estudiosos do assunto e, acreditamos, muita quebra de paradigma entre dois temas que parecem se opor, especialmente para a cultura ocidental. Além de trazer novas evidências para o entendimento da finitude da vida sem negligenciar o desejo e a subjetividade humana em sua esfera micropolítica.

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