Resumo

Alterações nos modos de produção condicionaram os trabalhadores às novas formas de relações com o trabalho. Nestas relações condicionadas pelo Sistema Capitalista foram gerados a virtude do trabalho e juntamente o desemprego, os quais funcionam como inibidores de ações e conseqüente conformismo que não se restringem ao trabalho, mas a diversas esferas da vida, incluindo o lazer. Deste modo, o lazer pode se apresentar à disposição da lógica capitalista, gerando uma possível alienação da classe trabalhadora, assim também, como uma prática social capaz de possibilitar reflexão e/ou mudança. Neste contexto, o estudo das relações de trabalhadores com o seu lazer, bem como das suas percepções do mesmo, visando divisar a usança de tal prática social para a reflexão e/ou mudança, alienação e/ou permanência, torna-se significativo. Do mesmo modo, é importante compreender as significações dadas por estes trabalhadores à prática social lazer e aos processos educativos envolvidos nesta prática. Surge, então, a interrogação: qual seria, para cada um, dos quatro grupos de trabalhadores (Executivo; Administrativo; Produção; Terceirizado) de duas empresas transnacionais instaladas no município de São Carlos, a significação atribuída ao lazer e aos processos educativos envolvidos nesta prática social? Destarte, o objetivo da pesquisa, em acordo com a questão que a guiou, foi o de desvelar, essencialmente, as compreensões relacionadas ao lazer e aos processos educativos dos diferentes grupos de trabalhadores. Também tivemos a intenção, especificamente, de analisar se as compreensões desveladas inserem o lazer e os processos educativos envolvidos num contexto de reflexão e/ou mudança, e/ou alienação e/ou permanência. Para isso, utilizamos o referencial e os procedimentos metodológicos da Fenomenologia, modalidade fenômeno situado. A construção dos resultados revelou-nos que cada grupo apresentou suas especificidades e compartilhamentos. Se, na concepção dos responsáveis pela elaboração e implementação da prática social lazer, esta se direciona para a alienação e permanência, nos demais discursos indica-se, também, a reflexão e/ou superação da situação vivida. Os processos educativos permearam os discursos relacionando-se com as interações entre os trabalhadores, em conversas entre amigos, na própria convivência cotidiana, no estar com, seja no trabalho ou fora deste.

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