Resumo

Resumo: São focalizados, comparativamente, os desenvolvimentos das comunidades científicas argentina e brasileira. O autor parte do paradoxo entre as condições (econômicas, culturais e educacionais) que deveriam ter favorecido o resultado, o desenvolvimento das comunidades científicas argentinas, quando se comparam com as vigentes no Brasil ao longo do século. Rejeitando, a partir do paradoxo entre condições e desenvolvimento efetivo, uma leitura externalista, o autor defende a importância metodológica de estudar as estratégias a favor do reconhecimento e da legitimação do papel do cientista. Distingue dois tipos ideais de estratégia: a cientificista ou intervencionista e a academicista ou da renúncia. Após caracterizar os tipos ideais, interpreta, com base em material histórico, seus desenvolvimentos em ambos os países. No caso argentino, teria dominado uma estratégia intervencionista que confronta a universidade e a intelectualidade com os poderes dominantes, em especial, o do Estado, além de enfrentamentos significativos entre os defensores de cada estratégia. No Brasil, a estratégia academicista teria sido dominante, conciliando as diferenças e estabelecendo um padrão de colaboração entre comunidade científica e o Estado. As diferenças entre os dois desenvolvimentos são, portanto, vistas como diferenças entre as possibilidades de confronto ou interpenetração das duas estratégias entre si e em suas relações, principalmente, com o Estado. Sugere-se que para entender o desenvolvimento específico das estratégias em nível nacional, faz-se necessário formular algumas hipóteses sobre o modo de integração das estratégias científicas com as tradições políticas e de definição de identidades em cada país. Palavras-chave: Sociologia, ciência, educação, comunidades científicas, Argentina, Brasil.