Integra

 Iniciamos esse trabalho falando da atual divisão de classes que ocorre no mundo, especialmente no Brasil, onde se destacam duas classes sociais bem distintas: de um lado a classe dominante que têm como estratégia ideológica a alienação dos menos favorecidos(classe dominada). Esse contexto ideológico tem por finalidade restringir o crescimento Sócio- Econômico e Educacional da maioria da população. As camadas mais pobres permanecem excluídas, impotentes para criticar a posição Sócio-Econômica e Educacional de uma minoria dominante. Assim, alienada, a classe dominada só pode retomar sua condição social através da crítica do sistema Econômico, Político, Educacional, entre outros.


 No contexto histórico da Educação a dicotomização entre as classes sociais, nos possibilita identificar a formação de alguns problemas de ordem Social, Política e Econômica.
A situação Sócio-Econômica e Educacional do aluno determina o tipo de Educação que ele vai receber (se terá acesso ou não a uma escola, se terá assegurada a permanência por pelo menos oito anos); o tipo de escola(pública ou privada); a qualidade do ensino e o desenvolvimento do seu potencial crítico.


 A marginalização desta classe oprimida pelos determinantes Sócio-Políticos-Econômicos e outros, impossibilita que uma parcela significativa da população tenha acesso a uma Educação de qualidade oferecida pela esfera pública de forma gratuita, acentuadas as relações de saber e poder, visto que cada vez mais reforça-se a exclusão e a minoridade social da população.
As injustiças sociais geradas no interior da sociedade, são fruto do problema da desigualdade social brasileira, onde a questão econômica e a relação entre o custo de ensino por aluno, é mantida em baixos níveis de repasses governamentais acabando por ser esta a realidade do financiamento público para a educação no Brasil.


 Podemos correlacionar essa permanência na exclusão social agravada nos dias atuais, com o surgimento do sistema político que se estruturou a partir das Revoluções: Francesa e Industrial, ou seja o Liberalismo.
Nos dias atuais o Neoliberalismo prega a qualidade total, ou melhor a "desqualificação" total do trabalhador, e exclui, de forma direta, os piores. Dessa maneira o Neoliberalismo coloca a Educação como uma empresa que é geradora de um produto: o ensino. E será regida pelas condições do mercado. Podemos então concluir que a qualidade do ensino (produto) é determinada pelas necessidades do mercado.

 "...Se lutamos por uma sociedade mais justa,se achamos que não adianta oportunidades iguais para todos sem as condições iguais de desenvolvimento de capacidades e apitidões, se somos contra a discriminação das crianças mais pobres na sala de aula ou na quadra de esportes, então precisamos opitar por uma concepção progressista de Educação." (Ghiraldelli,1988)


 Diante desse quadro imposto pela atual política Neoliberal à Escola em particular e ao trabalhador em geral, é que a Educação Física deve se pronunciar, e tem um importante papel a desempenhar na medida em que este campo do saber humano se propõe a pesquisar e criar instrumentos de ação, para o desenvolvimento de conhecimentos em sua área, voltados prioritariamente para os seguimentos oprimidos e excluidos da maioria da sociedade brasileira. E portanto no sentido de defesa dos direitos de Cidadania, priorizando investimentos na Educação Pública, Gratuita, Universal e de Qualidade.


 Se a escola impõe a estratégia ideológica da classe dominante, se reproduz a divisão social promovida pelo Liberalismo e continua ausente no compromisso de promover a qualidade social, devemos refletir, e questionar a quem interessa essa escola, a que classe social serve e que ideologia perpassa: a dominante ou a dominada? Refletindo é que eu, estudante do quarto período do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro(uma Instituição de Ensino Superior Pública), acredito que uma proposta de Educação Nacional deva ser democraticamente construída e consubstanciada em diretrizes e prioridades, onde as políticas públicas da nação brasileira devam ser fundamentalmente voltadas para a manutenção e o desenvolvimento da Educação Pública, Gratuita, Universal e de qualidade em todos os níveis e modalidades de ensino, devendo dessa maneira resgatar a competência e a responsabilidade do papel do Estado em relação a Educação e contemplá-la no plano nacional de Educação, a ser promulgado em 20 de dezembro de 1997. Sendo referencial para o conjunto da sociedade brasileira, voltado para os interesses da maioria da população, poderá assim, resgatar o compromisso social da escola e seu papel na transformação da sociedade.

Referências Bibliográficas

Alves, Nilda (org.). Formação de professores : pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1996.
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: São Paulo, Paz e Terra, 1996. 165p.
Gentili, P.A.A. & Silva, T.T. Neoliberalismo, qualidade total e Educação. Petrópolis, RJ: Editora vozes, 1994, 204 p.
Ghiraldelli, P ., Educação Física Progressista: Pedagogia crítico social dos conteúdos e a Educação Física brasileira. Edições Loyola, São Paulo, 1988. 63p.
Nidelcoff, Maria Teresa. Uma Escola para o povo. São Paulo: Brasiliense, 1980.
Rodrigues, Neidison. Lições do Principe e outras lições. São Paulo: Cortez, 1995.