Resumo

Introdução: A carência de estudos que investigam a confiabilidade do processo que envolve a avaliação da atividade elétrica cortical por meio do eletroencefalograma (EEG) em indivíduos com doença de Parkinson (DP) tem limitado o uso dessa ferramenta no diagnóstico e reabilitação neurofuncional. Determinar, portanto, o erro sistemático e a variabilidade biológicas inerentes ao uso desse instrumento podem levar à uma melhor compreensão da relação entre as reais modificações clínicas do paciente após um intervenção e o que pode ser atribuído justamente ao erro associado ao processo de mensuração. Metodologia: Trata-se de um estudo de confiabilidade com medidas de teste e reteste respeitando um intervalo de sete dias. Participaram do estudo indivíduos adultos diagnosticados com Doença de Parkinson idiopática (média de idade 67.88 [±9.78] anos). A atividade elétrica cortical dos participantes foi medida por meio de EEG durante a realização de uma tarefa motora que simula uma atividade instrumental do dia a dia por um único avaliador. Durante a tarefa motora a captação dos sinais elétricos corticais foi realizada por um canal de EEG com o par de eletrodos posicionados no sítio de Cz-Pz. Para aquisição e tratamento do sinal elétrico utilizamos o equipamento ProComp Infiniti® e o Software Biograph Infiniti®. A média da amplitude do sinal do ritmo sensório-motor (RSMμV) obtido em Cz-Pz durante a realização da tarefa motora foi utilizada como variável de comparação entre o teste e reteste para determinar a confiabilidade relativa (teste de Wilcoxon, coeficiente de correlação intraclasse [CCI]), confiabilidade absoluta (representação gráfica de Bland-Altman) e mudança mínima detectável (MMD). Resultados: O teste de Wilcoxon demonstrou não existir diferença estatisticamente significante entre as medianas do RSM entre o teste e o reteste (p = 0.99). CCI demonstrou moderada e significante confiabilidade das medidas do RSM entre o teste e o reteste (0.576; p = 0.017). O método de representação gráfica de Bland-Atman demonstrou um erro sistemático de 0.6 μV e um erro aleatório de 5.40 a - 4,30 μV. A MMD foi de 4,17μV. Conclusão: A medida do RSM por meio de EEG em Cz-Pz após teste e reteste de uma tarefa motora demonstrou moderada confiabilidade relativa e baixo erro sistemático, o qual poderá ser utilizado em futuros estudos e na prática profissional como estimativa de erro associadas às mensurações no indivíduo com doeça de Parkinson. Contudo, fazem-se necessários estudos que correlacionem mudanças clínicas motoras as amplitudes do RSM na área sensório-motora na DP.

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