Resumo

A partir da criação do Campeonato Brasileiro Infantil (9/10 e 11/12 anos) de Judo, em 1987, e do consequente aumento das competições regionais para esta faixa etária, torna-se necessário uma reflexão acerca das possíveis consequências deste alto grau de competitividade precoce para o desenvolvimento do "judoca" .Utilizando a observação participante como procedimento de investigação, durante os campeonatos infantis de 1987 e 1988, notou-se que os princípios básicos do Judo, como a percepção espaço-temporal possibilitada pelo estudo das posturas, dos deslocamentos, dos desequilíbrios das entradas e das projeções corre-tos, vêm sendo substituídos por soluções mais simples encontradas por crianças, professores e familiares, na tentativa da obtenção da vitória a qualquer custo durante as competições infantis. A arbitragem, defasada em relação a esta nova situação, iguala o competidor infantil ao adulto, contribuindo desta forma para que o resultado de cada competição disputada se transforme num objetivo imediato e único. Neste sentido, a opção pelo trabalho com o Judo infantil competitivo, traz alguns desafios profissionais que extrapolam os limites das soluções individuais. Devemos ficar atentos aos riscos que nossos alunos estão correndo, não apenas no que diz respeito ao desenvolvimento desportivo, mas os considerando como seres humanos que são. É preciso que abdiquemos de nossas vaidades e passemos a privilegiaras técnicas que possibilitarão o surgimento do futuro faixa preta de alto nível.