Resumo

A Ontologia do Ser Social é o cume do desenvolvimento intelectual de György Lukács, o resultado de um processo multifacetado, pautado por diversas inflexões. Nesse caminho, o autor transitou do neokantismo ao marxismo – diferenciado em momentos de ativismos revolucionários, de crítica literária, de mobilização contra o nazi-fascismo, de contestação oblíqua ao stalinismo e das obras sistemáticas e maduras como a Estética e a Ontologia do Ser Social –, passando pela vereda hegeliana. Em sua obra derradeira, o ser social – esfera ontologicamente diferenciada, tanto da inorgânica quanto da orgânica, em que pese dependente de ambas – é definido como um ser histórico que se constrói e reconstrói, especialmente, a partir do ato de trabalho – compreendido como a ação intencional sobre a natureza com o intuito de produzir meios de produção e de subsistência –, bem como da linguagem, das relações sociais, da ideologia, da reprodução e da alienação. Além disso, o filósofo húngaro constatou que o “mundo dos homens” é uma totalidade concreta, dialeticamente articulada em totalidades parciais, a qual se apresenta sempre por meio de uma intrincada interação entre os elementos no interior de cada complexo. Sob tal perspectiva, nos impusemos o desafio de identificar as possibilidades de mediação entre a principal obra de Lukács e a educação física brasileira, tendo como objetivo recolocar em discussão, no setor crítico da área, um renovado materialismo histórico dialético advindo do pensador magiar. O fizemos apresentando, ao longo dessa primeira aproximação, as possibilidades que surgem a partir de tal interface para a compreensão, por exemplo, da cultura corporal.

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