Resumo

O estudo ocupou-se da reestruturação do Centro Acadêmico de Educação Física (CAEF) do Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Nosso objetivo foi saber se o Movimento Estudantil (ME) facilitou alterações na concepção de Educação Física (EF) dos estudantes possibilitando-os incorporar elementos da pedagogia do conflito. A estratégia metodológica foi: a) revisão de literatura com destaque para a pesquisa de Oliveira (1991); b) entrevista com os dois diretores do IEFD e com duas importantes lideranças estudantis no período de 1988 a 1993; c) consulta arquivos da direção do Instituto e do CAEF e d) questionários de perguntas abertas aplicados a turma de formandos 1992/2° semestre. Os dados foram interpretados a luz do conceito de pedagogia do conflito (GADOTTI, 1989) conforme cinco indicativos: a) política e pedagogia como dimensões do mesmo fenômeno; b) busca pelas determinações sócio-econômicas da educação; c) explicitar as contradições do real; d) resistência aos valores dominantes e e) compromisso com a classe trabalhadora. Neste sentido, alguns expressaram: a) postura contrária a supremacia do desporto enquanto conteúdo da EF; b) críticas ao desporto voltado somente para o aprendizado técnico-tático com vistas a performance rendimento; d) críticas ao reducionismo biológico e busca de fundamentação sócio-filosófica; e) necessidade de participação política crítica e 0 visão do professor de EF como educador. Concluímos que a concepção de EF dos estudantes demonstrou-se atravessada por pressupostos tanto hegemônicos quanto contra-hegemônicos, e que para apreensão dos pressupostos contra-hegemônicos foi decisiva a intervenção do CAEF.