Resumo

Esta é uma revisão sistemática realizada a fim de elucidar potenciais efeitos das diferentes fases do ciclo menstrual no controle autonômico cardiovascular de mulheres jovens saudáveis. Para tanto, foram selecionados artigos originais que apresentaram medidas de Atividade Nervosa Simpática Muscular (MSNA) ou Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) de repouso em, pelo menos, duas fases distintas do ciclo menstrual de mulheres jovens e saudáveis, com ciclo menstrual regular, não fumantes, não usuárias de drogas ou medicação, publicados em inglês após 1997, conduzido em humanos. A busca foi conduzida na base de dados MEDLINE via PubMed em dezembro de 2020. A ferramenta QUIPS foi adaptada e utilizada para avaliar o risco de viés nos estudos. Para análise dos resultados, os estudos foram divididos entre apresentação de atividade simpática (AS) e atividade parassimpática (AP). Ao todo, foram incluídos 32 estudos (11 – AS/ 21 – AP), envolvendo um total de 490 participantes sujeitas à análise. Houve grande disparidade em relação ao tempo de duração da medida, forma de confirmação do ciclo menstrual, classificação das fases do ciclo e posição corporal nos estudos de AS e AP, além de padrão respiratório em estudos de AP. 5 dos 11 estudos que analisaram AS ao longo do ciclo menstrual indicaram maior AS durante a fase lútea, os demais não encontraram diferença entre as fases (5: folicular < > lútea; 1: folicular inicial < > folicular final). Dos 21 estudos que analisaram AP, 10 indicaram maior AP durante a fase folicular, outros 10 não encontraram diferença de AP entre as fases e 1 estudo reportou maior AP na fase lútea. Dos 32 estudos, 27 apresentaram risco de viés moderado (18) a alto (9) no domínio de participação do estudo, 15 apresentaram risco de viés moderado (1) a alto (14) no domínio de atrito do estudo, 7 apresentaram risco de viés moderado no domínio de medida de fator prognóstico, 2 apresentaram risco de viés moderado (1) a alto (1) no domínio de medida do desfecho, 19 apresentaram risco de viés moderado (15) a alto (4) no domínio do confundimento e 5 apresentaram risco de viés moderado no domínio de análise estatística e relato. Há evidências da presença de maior atividade simpática durante a fase lútea do ciclo menstrual. Esta revisão não foi capaz de dirimir dúvidas quanto às influências das fases do ciclo menstrual sobre a atividade parassimpática.

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