Resumo

O controle da carga de treinamento é apontado como um desafio na atualidade, principalmente no esporte coletivo, onde existe uma busca pelo avanço nessa área de conhecimento em diferentes centros de pesquisa no mundo. Esses pesquisadores se utilizam da aplicação de ferramentas biomecânicas, fisiológicas, bioquímicas, imunológicas e psicobiológicas para visando esse controle, apesar de pouco entendimento efetivo ter sido alcançado até o presente momento, justificando a continuidade dessa busca. Baseando-se nessa lacuna presente no estado da arte traçamos uma estratégia onde inicialmente devido à existência de pontos conflitantes na literatura em relação ao uso do salto com contramovimento (SCM), foi realizada uma meta-análise para verificar qual deveria ser a estratégia para aplicação dessa ferramenta biomecânica. A partir desse ponto, os demais estudos experimentais da presente tese foram conduzidos com o objetivo de verificar as possibilidades da aplicação de ferramentas biomecânicas para o controle de carga de treinamento em atletas. Os três experimentos foram realizados com a participação de atletas de futsal (n = 18; idade: 15,2 ± 0,9 anos; massa corporal: 62,3 ± 13,1 kg; estatura: 1,71 ± 0,1 m). Os voluntários realizaram o processo de familiarização com o SCM e, em seguida, foi verificada a confiabilidade do desempenho, utilizada para determinar a diferença mínima individual (DMI) do mesmo. Todos os voluntários realizaram as coletas iniciais (T0), avaliando o desempenho do SCM, por intermédio de medidas cinemáticas (tapete de contato e câmeras optoeletrônicas), dinâmicas (plataforma de força), além das antropométricas (balança com estadiômetro e antropômetros). Após a primeira etapa experimental, os voluntários foram distribuídos de maneira aleatória em dois grupos: Grupo Regulação (GR; n = 9) e Grupo Controle (GC; n = 9). Os voluntários realizaram quatro semanas de intensificação do treinamento, logo em seguida foi realizada a avaliação intermediária (T1), com mais duas semanas para o tapering e a reavaliação (T2). O monitoramento semanal ocorreu no início de cada microciclo a partir da DMI do SCM com o tapete de contato, assim todos os voluntários eram avaliados, mas os ajustes ocorriam somente para o GR. A meta-análise revelou que altura média do SCM foi a variável mais sensível e adequada para acompanhar os efeitos da fadiga e supercompensação. Para o experimento 01, o treinamento autorregulado no GR resultou em uma carga de treinamento significantemente mais elevada na semana 3 (tamanho de efeito "TE" = 0,6) e semana 4 (TE = 2,3) comparando com o GC. Entretanto, a carga de treinamento final não foi significativamente diferente entre os grupos (p = 0,082). Como resultado do aumento de carga durante a indução ao overreaching, o GR reduziu a altura do SCM entre T0-T1 (TE = -0,31). Entre T1-T2, o GR teve um aumento significativo na altura do SCM (TE = 0,61), e da mesma forma, outro aumento significativo na altura do SCM entre T0-T2 foi observado (TE = 0,30). As alterações na altura do SCM para o GC não foram significativas: T0-T1 (TE = -0,19); T1-T2 (TE = 0,41) e T0-T2 (TE = 0,07). No experimento 02, as alterações na altura do SCM foram acompanhadas pelas seguintes alterações nos parâmetros dinâmicos; durante a redução de desempenho ocorreu um aumento do momento de quadril na rotação externa/interna e durante o aumento de desempenho ocorreu um aumento da energia e do momento de quadril na flexão/extensão. Quanto ao experimento 03, durante a flexão/extensão; a energia de quadril (r² = 56%), o pico de potência de quadril (r² = 46%), a média do momento de joelho (r² = 50%) e o pico de potência de joelho (r² = 43%) foram correlacionados significativamente com as alterações na altura do SCM. Com esses achados, podemos concluir que o uso de ferramentas biomecânicas permitiu o controle de carga de treinamento de atletas de futsal, utilizando a altura média do SCM com a DMI para regular o treino e alcançar o overreaching funcional. Além disso, as alterações ocorridas nos parâmetros dinâmicos do SCM respaldam a utilização dessa abordagem.

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