Resumo

O consumo máximo de oxigênio (VO2max) é considerado medida padrão de potência aeróbica e desempenho físico, por integrar os sistemas nervoso, cardiopulmonar e metabólico e foi considerado fator determinante para o desempenho de corredores devido as boas correlações encontradas em corridas de 10 a 90 km. Além dele, parâmetros submáximos relacionados ao teste de esforço máximo como limiar ventilatório (LV) e ponto de compensação respiratória (PCR) são usados para a prescrição de intensidades de exercício. Durante a década de 80 inúmeros trabalhos sugeriram que a velocidade de corrida referente ao LV (vLV) seria um bom indicador da capacidade de realizar esforços de longa duração. No entanto, recentes achados relacionando a velocidade entre LV e PCR contradizem tais afirmações. Além disso, poucos trabalhos na literatura buscaram investigar a possível correlação entre a velocidade de corrida referente ao PCR (vPCR) e corrida de 10km. Já que a determinação das vLV, vPCR e vVO2max parecem ser importantes na determinação de desempenho e prescrição de treinamento, os protocolos de esforço máximo aplicados nessa população deveriam se aproximar das condições reais de treinamento e competições desses atletas, bem como determinar claramente tais parâmetros. No entanto, protocolos clássicos ainda são utilizados, devido à tradição e familiaridade dos avaliadores, sem a preocupação do embasamento metabólico e estatístico. Essa escassez de protocolos acaba por dificultar a aplicação prática dos dados obtidos e a determinação do desempenho de corredores. Nesse sentido, buscamos neste trabalho i) propor e verificar a reprodutibilidade de um protocolo incremental em esteira ergométrica específico para corredores e ii) investigar possível relação entre vPCR e desempenho na corrida de 10km (v10km) dessa população. Primeiramente, foram avaliados onze corredores amadores, os quais foram submetidos a quatro repetições do protocolo proposto: estágios de 25 segundos, com incrementos de 0.3 kmoh?1 na velocidade de corrida e inclinação fixa da esteira em 1%. Não encontramos diferenças significativas em nenhum parâmetro analisado no LV, PCR e VO2max (p>0.05). Todos os resultados mostraram alta reprodutibilidade (CV<9.1%) e valores de erro típico (TE) encontrados para vVT (TE = 0.62 km o h?1), vPCR (TE = 0.35 km o h-1) e vVO2max (TE = 0.43 km o h?1) indicaram alta sensibilidade e reprodutibilidade do protocolo. Posteriormente, vinte corredores realizaram uma simulação de prova de 10km em pista de atletismo e, após 72h, um teste de esforço máximo em esteira ergométrica para a determinação dos parâmetros máximos e submáximos. Valores de v10km foram significativamente superiores aos de vLV e inferiores aos de vVO2max (p>0.05). Nenhuma diferença significativa foi observada entre v10km e vPCR (p<0.05). Fortes correlações entre v10km e vLV (r = 0.92; R2 = 0.84) e vVO2max (r = 0.93; R2 = 0.86) foram encontradas. Sendo a maior delas observada entre vPCR e v10km (r = 0.96; R2 = 0.92). Esses resultados indicam que o protocolo de esforço máximo sugerido aqui é possivelmente capaz de avaliar pequenos efeitos do treinamento nos parâmetros máximos e submáximos, além mostrar a vPCR como um parâmetro interessante na predição de desempenho para corredores de 10km 

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