Resumo

O tema desta pesquisa são as relações sociais, mais especificamente as relações entre atletas de uma equipe praticante de corrida de aventura, tendo como referência a coesão grupal. Permeando as relações sociais e as práticas sociais (corridas de aventura) temos, contemporaneamente, os riscos e as demais conseqüências da modernidade tardia, que por sua vez, faz com que cada pessoa lide de forma diferente. Algumas pessoas irão se prevenir, outras evitar, e outras irão buscar o risco, seja em seu tempo produtivo, em que estão trabalhando, ou em seu tempo livre, nas horas de lazer e prática esportiva. Atualmente, a corrida de aventura é o principal expoente das práticas que buscam ativamente o risco, o risco-aventura. As corridas de aventura se originaram neste contexto contemporâneo e, atualmente, podem ser considerada uma das práticas mais arriscadas e extremas - possui um longo percurso com aproximadamente 500 km, atravessando locais pouco explorados e inóspitos, submetidos aos diversos agouros da natureza, em uma competição que visa realizar o percurso em menor tempo, e, muitas vezes, sem dormir (no stop). Devido às suas características, ao seu regulamento e, por medida de segurança, a corrida de aventura é realizada em equipe, o que obriga os atletas a se relacionarem para superarem os obstáculos diversos e atingirem seus objetivos. Desta forma, manter a equipe unida e coesa torna-se necessário. Entender a maneira como os atletas se relacionam para superar obstáculos, manter a união e a coesão, foi possível por meio de entrevistas e acompanhamento como membro da equipe de apoio de uma equipe que participou de uma corrida que foi palco do campeonato mundial das corridas de aventura de 2008, resultando em anotações em um diário de campo, que serviu para obter dados de contexto. As entrevistas foram realizadas com cada atleta individualmente antes da corrida e, após a corrida, uma entrevista com os quatro atletas juntos. Os resultados mostraram que os atletas atribuem o sentido de coesão grupal às três principais dimensões: comunicação, ajudar/cuidar uns dos outros e manter o ritmo. E, quando há uma disposição para a coesão grupal, diante do perigo/risco, a equipe tende a se unir e ficar mais coesa. As três dimensões não são independentes e o elo é a interação. A interação entre os integrantes da equipe deve proporcionar meios para negociar, trocar e atribuir sentidos, tanto individual quanto grupalmente, sobre a tarefa e as emoções geradas pela execução das tarefas

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