Resumo

O objetivo deste estudo foi analisar as possíveis relações entre as categorias cultura corporal e consciência de classe entendendo-as como fundamentais na construção de uma perspectiva marxista de Educação Física Escolar. Para tal, tomamos como ponto de partida a obra Coletivo de Autores, obra esta que, ao ser elaborada em 1992, tornou-se uma importante referência no campo da Educação Física. Sendo assim, num primeiro momento buscamos contextualizar historicamente a referida obra a partir de uma revisita às tendências político-pedagógicas da Educação Física Escolar que se fizeram dominantes antes do Coletivo e que, de certa forma, motivaram a elaboração de uma obra crítica como esta. Também traçamos um breve balanço sobre as correntes pedagógicas críticas que emergiram durante a década de 1980 e, por fim, voltamos nossos olhos para a gênese do livro. Num segundo momento, realizamos uma análise crítica da obra percorrendo todos os seus capítulos tendo como propósito visualizar quais elementos do materialismo histórico são tratados como centrais e quais as relações entre cultura corporal e consciência de classe podem ser identificadas na obra. Neste passo, concluímos que a questão da luta de classes e a lógica dialética se colocam como fundamentais no livro, assim como a proposta de trabalhar a coletividade entre os alunos. Num terceiro e último momento, buscamos trazer novos elementos teóricos tendo como objetivo analisar o movimento histórico expresso pelas categorias cultura corporal e consciência de classe e, assim, substanciar suas possíveis relações. Sobre a categoria cultura corporal, adotamos como ponto de mediação o conceito de corpo trabalhador. Assim, observamos a construção da vida sensível deste corpo através do trabalho e a ruptura da mesma sob o capital. Sobre a categoria consciência de classe, mantivemos como foco a questão da sensibilidade para o coletivo e, desta forma, analisamos o processo de consciência de classe em-si e para-si. Por término, em nossas considerações finais identificamos dois elementos relacionados: 1) A ruptura sensível do corpo trabalhador e a necessidade sensível na construção da consciência de classe e; 2) A possibilidade da Educação Física Escolar ser uma mediação nesta construção a partir dos pressupostos da Educação Estética sob o olhar marxiano. Sendo assim, apontamos as relações entre este componente curricular e a Educação Estética como uma possível fonte de estudos na construção de uma perspectiva marxista de Educação Física Escolar. Cabe ainda dizer que na realização de nosso estudo utilizamos como método o materialismo histórico e suas categorias compreendendo o mesmo como método fundamental para se apreender o movimento contraditório do real.

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