Resumo

Este trabalho discorre sobre os pressupostos que norteiam a avaliação no âmbito educacional, focando a Educação Física e o contexto inclusivo atual. O objetivo específico dessa pesquisa foi construir um instrumento de observação avaliativo que auxilie o profissional de Educação Física na gestão do processo de inclusão durante as atividades motoras. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa sob uma abordagem crítico-dialética. O instrumento proposto tem como característica a observação sistematizada de habilidades de relacionamentos que foram planificadas a partir da análise de tarefas sustentadas pelos movimentos fundamentais e diferentes abordagens de jogos: jogos com resultados coletivos, cooperativos ou semicompetitivos e de elaboração/criação. Os resultados alcançados com esse trabalho estão discriminados em planilhas avaliativas observáveis, mapa para registro individual e grupal e planilhas para planejamento de tarefas. A fim de testar esse material, realizou-se um estudo exploratório com observação participante, no qual participaram nove sujeitos, entre crianças e adolescentes, e quatro avaliadoras, que utilizaram o instrumento proposto. Encontram-se, ainda, nesse trabalho, entrevistas semiestruturadas com as avaliadoras participantes. Conclui-se que as habilidades de relacionamento nem sempre vêm sendo potencializadas pela Educação Física para a efetivação das tarefas motoras, pois, geralmente, as propostas de avaliação prendem-se ao realizar/fazer. Considerandose as especificidades de cada indivíduo, ou seja, a diversidade humana, fica evidente que se obscurece nas avaliações o compreender/entender. As premissas que podem impulsionar a efetivação de uma tarefa motora podem ser delineadas através de propostas metodológicas que desafiem a participação compartilhada, para que se possa reconhecer que não há igualdade nos indivíduos e, sim, semelhanças, que podem ser exaltadas inclusive pelas próprias diferenças que estruturam o grupo. Desta forma, a avaliação e a intervenção devem traçar perspectivas que se configurem na possibilidade de construir, modelar e reconstruir os arranjos diádicos, pontuando que as interações que se postulam durante uma aula são dinâmicas e simbióticas e que se concretizam nas interlocuções diádicas situacionais que pertencem apenas aos envolvidos e, por isso mesmo, pautadas em tempo e espaço únicos. Portanto, conclui-se, a avaliação se amplia na sua concepção, pois é uma ação circunstancial que se constitui a partir das percepções do avaliador e que se permite deconstruir a todo o momento. Assim, essa proposta de instrumento de acompanhamento da inclusão contextualizado no transcorrer de atividades motoras avança para uma futura mudança paradigmática que não mais se paute nos alicerces sígnicos da sociedade, mas que se perspective rumo à gestão de processo do desenvolvimento das interações grupais 

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