Resumo

Atualmente, o fenômeno da dependência química é abordado por diferentes ângulos: o biológico, o psicológico, o sociológico, o econômico e o cultural. No entanto, muito pouco foi dito sobre a experiência somática do dependente químico – “somático” querendo dizer, relativo ao corpo subjetivo. Orientamos nossas pesquisas a fim de compreender a experiência somática do dependente químico tal como ele a descreve. O objetivo desse estudo é o de compreender a experiência de dependentes químicos nas aulas de educação somática enquadradas no contexto do centro de reabilitação onde estão internados, bem como verificar se estas experiências tiveram um impacto em seu tratamento. A educação somática é o campo teórico-prático que se interessa pelas relações dinâmicas entre o movimento do corpo, a consciência, a aprendizagem e o meio. A aplicação da educação somática dentro de um centro de reabilitação da dependência química é pioneira e exploratória. Nossa pesquisa se situa dentro do paradigma qualitativo pós-positivista (GREEN; STINSON 1999). Para a coleta de dados, nos apoiamos na corrente Fenomenológica (DESCHAMPS, 1995); e para sua análise, na Théorisation Ancrée (PAILLÉE, 2003). Pelos resultados obtidos, classificamos a experiência somática dos dependentes químicos em dois tipos: (1) a conscientização das conexões entre sensação, emoção, pensamento e identidade; (2) a vivência da autoregulação sem o uso de drogas. A experiência somática que os dependentes químicos tiveram em aula favoreceu o processo de autoconhecimento que julgamos fundamental à reabilitação da dependência, bem como proporcionou aos dependentes a ocasião de autoregular-se, possibilitando-os a satisfação de suas necessidades físicas, psíquicas e afetivas sem o uso de drogas.

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