Resumo

A capacidade aeróbia determinada pelo limiar 2 (L2) é fundamental para o desempenho de corredores meio fundistas e fundistas. O uso de tecnologias vestíveis que utilizam o método da espectroscopia do infravermelho próximo (NIRS) com sistema wireless apresentam captura robusta das medidas de oxigenação muscular, contribuindo para a avaliação e monitoramento do treinamento de corredores em condições mais ecológicas e de forma não invasiva. Assim, torna-se relevante a determinação do L2 por NIRS, permitindo análises simultâneas de diferentes grupos musculares durante o gesto da corrida. OBJETIVO: Determinar e comparar o L2 nos músculos bíceps braquial (BB) e vasto lateral (VL) por meio das medidas de oxigenação muscular em atletas da Seleção Brasileira Paralímpica de Atletismo. MÉTODOS: Oito meio-fundistas e fundistas, sendo 2 mulheres (M) e 6 homens (H) (29±7 anos; 64,2±6,2 kg; 175,0±6,5 cm; 8,8±3,9 %GC) foram avaliados. A amostra foi composta por deficientes visuais, intelectuais ou físicos (sem comprometimento para a corrida), submetidos a um teste incremental (TI) até a exaustão (Vmáx) em esteira motorizada. O TI foi iniciado a 11 km/h (M) e 12 km/h (H), sendo adotados incrementos de 0,3 km/h a cada 25s. As medidas de deoxi-hemoglobina [HHb] e índice de saturação tecidual (TSI) foram obtidas por NIRS com sistema wireless, alocados nos músculos BB e VL (frequência de aquisição de 10 Hz). Os atletas permaneceram sentados por 1 min para obtenção da linha de base para o cálculo do delta (Δ) entre os valores do esforço e repouso de [HHb]. O L2 foi determinado pela deflexão do Δ[HHb]. As velocidades do L2 (iL2) para BB e VL foram determinadas por regressão linear (intensidade vs tempo) e considerados os valores de oxigenação muscular em iL2. Os valores obtidos em BB e VL foram comparados por T-Student pareado e correlacionados pelo teste de Pearson (P≤0,05). RESULTADOS: A iL2 para BB e VL foram, respectivamente, 18,7±1,4 e 19,0±1,2 Km/h (P=0,09), correspondendo à 91,2±2,5% e 92,6±2,0% da Vmáx. Em BB e VL, o Δ[HHb, µM] na iL2 foi 25,1±10,7 e 20,4±8,4 (P=0,32) e os valores de TSI (%) foram 47,8±4,8 e 51,3±5,0, respectivamente (P=0,10). Houve correlação muito forte e significante entre a iL2 determinada em BB e VL (r=0,97; P=0,000). CONCLUSÃO: Os resultados sugerem que o L2 pode ser determinado em diferentes grupos musculares de forma isolada durante a corrida, fortalecendo o uso de tecnologias vestíveis para avaliação e monitoramento do treinamento

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