Editora Pontes Editores. Brasil 2007. 186 páginas.

Sobre

Quem foi Roberto Dias? Durante anos, essa pergunta soou como uma ofensa aos ouvidos dos torcedores mais antigos (e não só dos são-paulinos). Afinal, eles tiveram o privilégio de se encantar com o futebol clássico, limpo, daquele volante, depois zagueiro, que se tornou símbolo maior do São Paulo Futebol Clube por mais de uma década, entre os anos 1960 e 1970. Não podiam se conformar com a indagação ofensiva - irritante, até - que vinha dos mais jovens.

Tal questionamento, no entanto, tinha sua razão de ser. Desprovidas de maiores informações sobre a vida e a carreira de um dos grandes jogadores brasileiros de todos os tempos, as novas gerações não podiam mesmo ter a exata medida da importância de Dias. Repetia-se, fora de campo, o fenômeno que marcou sua própria carreira dentro dos gramados: a injustiça. Sem uma produção cultural à sua altura - em termos de literatura, imagens, divulgação, enfim -, que ajudasse a perpetuá-lo, ficava sempre a impressão de que o Dias jogador, assim como o Dias homem, foi muito maior que os registros sobre ele.

Com este livro, o jovem jornalista Fábio Matos dá um pontapé inicial e decisivo para acabar com essa história. Ou melhor, para registrar uma história que por décadas os indignados são-paulinos esforçaram-se em transmitir apenas oralmente. Nas próximas páginas, o homem e o ídolo são expostos de uma maneira que nunca haviam sido até hoje, fruto de um trabalho que nasceu acadêmico mas já com metodologia e preocupação profissionais. Ao chegar à última destas páginas, você, tenha a idade que tiver, finalmente saberá quem foi Roberto Dias. O verdadeiro Roberto Dias, nascido Branco, convertido também em preto e vermelho.