Resumo

Introdução: O sucesso esportivo é dependente de múltiplos fatores; principalmente os relacionados as capacidades físicas, técnica e tática. Entretanto, observa-se na literatura uma grande prevalência de estudos envolvendo os aspectos fisiológicos, e atualmente, envolvendo aspectos perceptivos e cognitivos, em detrimento de investigações envolvendo fundamentos técnicos do futebol. Objetivo: Objetivo do estudo foi investigar possíveis diferenças na atuação com bola durante partidas oficiais de futebol entre jogadores com diferentes níveis técnico, da categoria sub 15. Método: Participaram 14 atletas, do sexo masculino, com idade entre 14 e 15 anos, categorizados dicotomicamente entre atletas com maior índice técnico (G1) e menor índice técnico (G2), de acordo com o desempenho nos seguintes testes de habilidades técnicas específicas: condução de bola em linha reta (CBLR) e shuttle-run com bola (SRB), controle de bola livre(CBL), controle de bola alterando os pés(CBA), e controle de bola com a cabeça (CBC). Foram analisados, por meio de filmagens, a participação com bola dos atletas em seis partidas oficiais da categoria sub 15; como indicadores de participação/contato com a bola, utilizou-se: o número total de passes, número de dribles (DR), número de faltas sofridas(FS), número de desarmes sofridos(DS) e “chutões” realizados (CH). A normalidade dos dados foi testada pelo teste de Kolmogorov Smirnov, na comparação entre grupos utilizou-se o teste t para variáveis independentes, e o teste de Mann-Whitney-Wilcoxon para os dados não paramétricos. Resultados: Com exceção dos atletas com melhor desempenho no teste CBC, todos os demais atletas que alcançaram os maiores índices técnicos durante os testes de habilidades, apresentaram maior participação com a bola durante os jogos. Diferenças significantes foram encontradas; com base no desempenho no teste CBL, no número de dribles (G1 5,1 ± 4,1; G2 0,6 ±1,5, P < 0,05), no número de desarmes sofridos ( G1 4 ± 2,9; G2 0,9 ± 1.1, P < 0,05), no teste CBA, no número de dribles (G1 5 ± 4,1; G2 0,6 ±1,5, P < 0,05), assim como nos testes de CBLR, no número de faltas sofridas (G1 1,3 ± 1,3; G2 0,2 ±0,3, P < 0,05), e SRB, no número de desarmes sofridos (G1 3,8 ± 3; G2 1 ±1,2, P < 0,05). O número de passes total e de “chutões” realizados durante a partida, não foram associados ao nível técnico. Conclusão: Os resultados sugerem que maiores índices técnicos, obtidos por meio de testes de habilidades, estão associados ao maior contato com a bola durante as partidas de futebol, exceto ao número de total de passes total e da utilização de “chutões”. O atleta com maior capacidade técnica, independente da postura tática utilizada, é mais efetivo durante o jogo, tem mais contato com a bola e mais iniciativa.

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