Integra

introdução:

os jogos olímpicos da era moderna nasceram o final do século xix, como resultado dos esforços de pierre de fredy, ou como é mais conhecido, pierre de coubertin. pautado no modelo e estrutura do esporte inglês que buscava desenvolver valores humanos e lideranças por meio da competição esportiva e nos valores dos jogos olímpicos da antiguidade, pierre de coubertin fundou, em 1894, o comitê olímpico internacional e inaugurou dois anos depois, em atenas, a primeira edição dos jogos olímpicos da era moderna. ao longo dos mais de 100 anos que nos separam dessa data o mundo passou por profundas transformações e alguns fenômenos, como a globalização, marcaram esse período provocando a revisão de atitudes e valores, também dentro do movimento olímpico. entretanto, embora o ritmo acelerado dessas transformações seja inegável ele não foi seguido nem refletido na organização política do movimento olímpico internacional, gerando ao longo do tempo diversas controvérsias. questões basilares como o nacionalismo e as diferenças ideológicas entre os países do bloco capitalista e comunista encontram-se presentes desde a primeira década do século xx dentro da comunidade olímpica prenunciando grandes conflitos como as grandes guerras mundiais e a guerra fria. o objetivo desse trabalho é analisar a dinâmica do movimento olímpico internacional, buscando elementos de sua organização política em conceitos como nacionalismo e políticas de identidade.

metodologia:

o procedimento utilizado foi a análise de documentos de época (do comitê olímpico internacional, do comitê olímpico brasileiro e das federações internacionais) e depoimentos de atletas que vivenciaram as distensões entre os países no cenário competitivo dos jogos olímpicos.

resultados:

a começar pela carta olímpica e outros documentos produzidos pelo comitê olímpico internacional fica explícita a intenção de desatrelar os ideais olímpicos de questões políticas nacionais e internacionais. apesar dessa intenção o apoio necessário dos governos nacionais à realização dos jogos olímpicos levou, por várias vezes, ao posicionamento pela exclusão ou permanência de distintos países em diversas edições dos jogos, indicando preferência e favorecimento de uns em detrimento de outros. outra questão importante refere-se a organização do comitê olímpico internacional e o ingresso em sua estrutura de novos participantes que não são vistos como representantes de seus países no coi, mas sim, embaixadores dos ideais olímpicos em seu país de origem. embora pierre de coubertin tenha afirmado uma geografia olímpica desvinculada da geopolítica internacional observa-se ao longo do século xx a necessidade de vinculação do atleta a um país seja ele de origem, ou escolhido ao longo da vida do atleta. isso tem gerado grandes distorções, principalmente nas última três décadas, como a mudança de nacionalidade e solicitações de asilo político durante eventos internacionais. merece destaque também a existência de boicotes nacionais em diversas edições dos jogos olímpicos, antes mesmo do advento da guerra fria, comprometendo de forma indelével a proposta olímpica de confraternização entre os povos e de busca paz mundial. também nesse caso vemos uma dissonância entre o discurso oficial e os fatos, uma vez que o coi, desde sua criação se declara apolítico.

conclusões:

as diversas fontes bibliográficas consultadas sobre os jogos olímpicos e seu comitê organizador apresentam dados que indicam a relação intrínseca entre o movimento olímpico internacional e os diversos movimentos sociais ocorridos no momento contemporâneo, que indicam por vezes uma distância abissal entre ambos e em outras uma fusão que impossibilita afirmar com clareza quais as partes envolvidas no conflito. enquanto a sociedade viveu drásticas alterações, o comitê olímpico internacional permaneceu refratário a mudanças, favorecendo o desenvolvimento de uma estrutura contaminada por uma cultura institucional soberba e distante de transformações. esse fato tem sua proporção ampliada quando se observa a importância que o esporte conquistou na sociedade contemporânea, quando entendemos os jogos olímpicos como um dos maiores fenômenos socioculturais do planeta e a importância que esse fato adquire para as várias gerações de atletas que se propõem participar das competições olímpicas na condição de representantes de seus países e ideologias.